O secretário adjunto de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme), Elio Rasia, afirmou, em entrevista ao
Olhar Direto, que a polêmica em torno do pedido de sua demissão tem apenas motivação política e não insubordinação, como cogitaram fontes do PR e do Palácio Paiaguás.
O PR de Rondonópolis apresentou como “prova” da má conduta de Rasia no governo estadual a aprovação de 48 cartas consultas para receber benefícios fiscais do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Prodeic), sendo mais de 30 delas referentes a empreendimentos em Rondonópolis, no período em que presidiu o Conselho Estadual de Desenvolvimento Empresarial (Cedem), em substituição legal a Pedro Nadaf, titular da Sicme.
Rasia explicou que aprovação das cartas consultas na primeira reunião foi falha tanto que na outra reunião do Cedem, ele e os demais conselheiros que haviam aprovado, voltaram atrás. “Recebemos 48 cartas consultas um dia antes de analisar, foi humanamente impossível analisar todas, por isso aprovamos e depois de verificar as documentações percebemos que muitas não preenchiam os requisitos e havia um mesmo grupo de empresas solicitando o benefício fiscal, por isso o ato foi tornado nulo”, disse.
O secretário Pedro Nadaf confirmou que Rasia votou favorável pela anulação do ato e diz não ter nenhum problema com o adjunto. "Mas trata-se de uma decisão política e partidária do PR e não da minha parte”.
Outro ponto que merece ser destacado é que aprovação de carta consulta para inclusão no Prodeic não é garantia de acessar benefícios fiscais. “Depois da construção concluída, a empresa passa por vistoria, apresenta relatório ao governo e só depois disso, o benefício fiscal é concedido”.
“O Wellington (deputado federal Wellington Fagundes) sempre foi contra a minha indicação e sei que tentou durante uma semana junto ao governador me tirar do cargo. Mas sou um soldado do partido e não me apego a cargo. Estou tranqüilo, se essa for a decisão do PR eu saio”, afirmou o secretário adjunto.
Rixa política
Na verdade, o problema de Rasia é fazer parte do grupo político do senador Blairo Maggi. Rasia também é ligado ao ex-prefeito de Rondonópolis, Adilton Sachetti, ocupando o cargo de secretário municipal de Desenvolvimento Econômico durante a gestão do ex-prefeito. Aos poucos, pessoas ligadas ao grupo do senador vão deixando o staff estadual por meio do “fogo amigo”.
Nos bastidores políticos de Rondonópolis há comentários dos reais motivos para a saída de Rasia da Sicme. “Ele não passa de um ‘boi de piranha’. Tudo é pensando nas eleições 2012 e 2014”.
Para o próximo ano o PR ensaia aproximação com o PMDB de Zé Carlos do Pátio. Os mesmos grupos que foram rivais na última campanha eleitoral agora devem marchar unidos. O PR quer ser “cabeça” de chapa, com a possibilidade de ter Zé do Pátio como vice.
A incógnita sobre ex-prefeito Adilton Sachetti em disputar ou não a eleição municipal mina esses planos do PR. Até o final de setembro, Sachetti prometeu anunciar em que partido será filiado e se entra ou não na briga eleitoral. O problema é que Sachetti voltar ao PR e como pré-candidato, reduz as possibilidades do presidente da Câmara Municipal, Ananias Filho, ser o candidato do PR. Ananias faz parte do grupo de Wellington Fagundes.
A popularidade de Sachetti na cidade é inversamente proporcional ao descontentamento da população com o atual prefeito. Durante a 39ª Exposul, Sachetti pode sentir o gostinho da pressão popular pelo seu retorno, mesmo com todas as ressalvas sobre o seu perfil dinâmico, mas truculento de agir.
Para 2014, o deputado federal Wellington Fagundes quer alçar outros vôos, pretende ser senador, segundo fontes próximas a ele. O grupo de Fagundes até hoje não digeriu o fato de Maggi atropelar o processo e ser candidato a senador, algo que o deputado já vinha trabalhando na região anos antes do ex-governador.
