Índios da etnia Kaiapó bloqueiam obras de pavimentação da BR-163, entra a divida de Mato Grosso e Pará até o município de Novo Progresso (PA), desde ontem à tarde, por suposto descumprimento de acordo entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e os indígenas, quando do licenciamento ambiental para construção do asfalto. Os Kaiapós – cerca de 100 – recolheram máquinas das empresas Três Irmãos, Contern, JM e Rodo Terra e levaram até o pátio da sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Novo Progresso.
O cacique “Douto” informou ao
Olhar Direto, por telefone, que nenhuma máquina vai trabalhar no trecho enquanto o Dnit não cumprir o que prometeu às aldeias indígenas. “Encostamos as máquinas e guardamos as chaves até que seja cumprido o que foi prometido aos índios”, falou.
As reivindicações são para que a autarquia dos Transportes faça melhorias na estrada de acesso a aldeias TI Mekragnotire e conclusão das vias que ligam a aldeia TI Baú até Novo Progresso. Também querem a Casa de Saúde e a Casa de Artesanato. Segundo Douto, tudo isso foi prometido pelo então diretor geral do Dnit, Luis Antônio Pagot, mas não houve a implantação. “É compromisso do governo federal que Pagot fez com as aldeias em abril do ano passado”, reclama.
E os indígenas prometem “radicalizar” o manifesto caso não ganhem o que querem. Segundo o cacique, se em dois dias ninguém do Dnit aparecer na região para cumprimento do acordo, os Kaiapós vão bloquear o trânsito na rodovia por tempo indeterminado. “Vamos derrubar pontes, inclusive aquelas novas que o Dnit está fazendo aqui e botar fogo nas máquinas”, anunciou.
Pagot, antes de deixar o comando da autarquia, já havia tido umas 'encrencas' com o cacique Megaron – um dos maiores líderes indígenas de Mato Grosso – por causa do suposto lubridiamento dos índios. Megaron reuniu seus guerreiros e bloqueou a BR-163, entre Sinop e Itauba (600 km de Cuiabá). Naquela ocasião, Pagot disse que já havia pagado as promessas e que havia “malandro até no Xingú”. Megaron respondeu e falou que havia sim, inclusive no Dnit.
“Ao ver que a BR-163 estava sendo concluída, e as (estradas) que eles haviam pedido não, os índios resolveram bloquear a pista. Eles tomaram alguns maquinários e carretas. Alguns estão andando com as caminhonetes e carros no local”, afirma o deputado estadual Carlos Avalone (PSDB), que participou da Rota da Integração e vem acompanhando a questão.
O parlamentar afirma que várias autoridades de ambos estados já estão engajadas em resolver a questão o quanto antes. “As obras não podem ficar paradas. A cada dia que passa, o Estado e o país terão mais prejuízo”, argumenta. O tucano conta que já contatou o deputado federal Nilson Leitão (PSDB-MT), o deputado federal José Geraldo (PT-PA), o presidente da Assembleia Legislativa do Pará, Valdir Rossini (PSDB) e o governador do Pará, Simão Jatene (PSDB).
A maior complicação na resolução da questão é o fato de índios estarem envolvidos. O diálogo tem que passar pela Fundação Nacional do Índio (Funai), que ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso.
Atualizada às 16h39.
