O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Ulrich Steiner, disse nesta quinta-feira (22) que, caso a entidade católica seja chamada para contribuir com a Comissão da Verdade, não se negaria a participar, para "elucidar o passado".

A proposta de criação do grupo, que será formado para examinar violações aos direitos humanos entre 1946 e 1988, foi aprovada nesta quarta-feira (22) pela Câmara dos Deputados. O projeto, de autoria do Executivo, segue agora para análise no Senado.

Durante entrevista à imprensa em Brasília, Steiner negou que a entidade reivindique participação na comissão. "Se a CNBB for chamada para isso, como CNBB certamente ela não se negará a participar, para o bem do Brasil."

O bispo ainda disse que o projeto deveria definir melhor o perfil dos membros da comissão. "Talvez seja importante dizer que esse projeto também deveria dar indicações, critérios para a presidente nomear então essa Comissão [...] Não critérios para excluir, mas critérios importantes para que realmente seja uma Comissão de peso."

No texto final, negociado entre governo e oposição na noite desta quarta, ficou definido que os sete membros da comissão, a serem indicados pela presidente Dilma Rousseff, não poderão exercer cargo no Poder Executivo e em partido, não poderão estar em exercício de cargo em comissão ou função de confiança, e terão que atuar com imparcialidade.

Ele disse que "trazer a verdade é a possibilidade de salvar o nosso passado". Para Steiner, a sociedade precisa conhecer seu passado para projetar um futuro. "A nossa civilização ocidental vive desse tipo de olhar, que é buscar a verdade do passado para poder realmente caminhar para o futuro."