Em uma negociação quase cirúrgica com a União, o governador SIlval Barbosa (PMDB) está conseguindo obter em torno de R$ 180 milhões para as obras da travessia urbana de Cuiabá e Várzea Grande. O valor é quase metade do que havia sido acertado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) na gestão do ex-diretor-geral Luiz Antônio Pagot, que era de R$ 350 milhões.
Silval Barbosa disse, num primeiro momento, que os recursos adicionais poderão sair do financiamento que o Estado está fazendo para implantar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
Questionado pelo
Olhar Direto sobre a origem dos cerca de R$ 160 milhões a serem empenhados - tendo em vista o alto nível de endividamento do Estado para sediar a Copa do Mundo de 2014 -, o governador recuou e afirmou apenas que o Estado dará sua contrapartida de R$ 160 milhôes.
"Chegamos a um valor de R$ 180 milhões. Não dá pra fazer toda a obra. O governo vai ter que dar uma contrapartida e eu estou colocando um pouco dentro dos recursos que arrumamos para o VLT também. Agora estamos na fase de formatação do convênio (...). Mas o Estado dará a sua contrapartida", revelou o governador com exclusividade.
A negociação é considerada delicada pois acontece poucos meses depois de a Ministra do Planejamento e coordenadora do Comitê Gestor do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), Miriam Belchior, ter excluído a obra do PAC depois da revisão do plano de metas no principal programa de investimento com recursos federais.
Outro fator que coloca ainda mais drama nas tratativas de Silval Barbosa e a União foram os escândalos envolvendo a cúpula do Ministétrio dos Transportes que culminaram com a queda do ex-ministro Alfredo Nasciomento e de Pagot que, no comando do Dnit, funcionava como uma espécie de avalista dos investimentos do Dnit em Mato Grosso.
Embora tenha recuperado parte do investimento federal para facilitar e modernizar o arcaico e desorganizado trecho da travessia urbana na baixada cuiabana, para ter as obras concluídas, o governo estadual terá que dar uma contrapartida que pode variar entre R$ 160 e R$ 170 milhões para ver concluía a obra.
Isso acontece porque o Tribunal de Contas da União (TCU) - o mesmo órgão comandado pelo ministro Jorge Hage, segundo o qual o Dnit tinha o DNA da corrupção - havia apontado irregularidades nos valores previstos nos projetos executivos que já haviam sido preparados a toque de caixa pelo Dnit.
Nesta terça-feira (11/12), Silval reuniu-se pela manhã com o senador Blairo Maggi (PR/MT) com o ministro Transportes, Paulo Sérgio Passos. À tarde, o encontro ocorreu com o diretor presidente do Dnit, general Jorge Fraxe. Silval garante que a decisão política de incluir os recursos no orçamentro já foi tomada. Segundo ele, restam apenas os detalhes técnicos para a formalização do convênio.
"O Dnit tinha licitado a obra. Daí ocorreram todos estes problemas (Mensalão do PR) e a ministra Miriam Belchior suspendeu todos os projetos e disse esta obra (travessia urbana) não estava no orçamento, e começou toda a trajetória que percorremos. Mas agora estamos na fase final deste processo. O projeto precisou de adequações mas acredito que até novembro será reaberto o processo licitatório", concluiu.