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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

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PCdoB triplica filiados com PT no poder

A entrada do PCdoB (Partido Comunista do Brasil) no século 21 foi marcada pela contradição, a palavra preferida de seus dirigentes quando se referem ao capitalismo, segundo eles "agonizante", ao jogo de poder e aos parceiros das alianças que o levaram para o governo e até lhe reservaram um ministério, o do Esporte. Ministério que na última semana foi alvo de denúncias de irregularidades na distribuição de verbas, aparelhamento por parte de entidades de seu círculo íntimo e supostas cobranças de propinas.


Nesse processo de contradição política e ideológica, ao mesmo tempo em que o PCdoB mantinha em seu estatuto a doutrina marxista-leninista (artigo 1.º) como princípio de tudo, adaptava-se rápida e facilmente aos tempos da social-democracia do PT. A mesma social-democracia que usa o "welfare state" (Estado do bem-estar social), sistema criado nos países escandinavos justamente para brecar o avanço das revoluções comunistas.

O estatuto do PCdoB mostra que o partido dá importância vital à ocupação dos cargos públicos, o que pode servir de explicação para o aparelhamento dos órgãos que ocupa. Diz o artigo 59.º do documento que os cargos eletivos ou comissionados dos governos dos quais a legenda participe constituem "importante frente de trabalho e está a serviço do projeto político partidário, segundo norma própria do Comitê Central". Os mandatos eletivos alcançados pela legenda do PCdoB pertencem ao coletivo partidário soberanamente.

Entre os deveres dos militantes do PCdoB, está a obrigatoriedade de destinar, pelo menos, 1% do salário mensal ao partido. Os que detêm cargos eletivos ou em comissão pagam contribuições especiais a serem especificadas pelos órgãos partidários. Embora o PCdoB não revele o montante, há a informação de que, nesses casos, pode chegar a 40% do salário.

Ainda na clandestinidade, no fim dos anos 70 e início dos 80, o PCdoB atuou dentro do MDB e PMDB, na ala denominada "Movimento Popular".

Depois da redemocratização, tornou-se um parceiro avançado de Luiz Inácio Lula da Silva, tanto nas derrotas quanto nas vitórias do ex-presidente, sempre numa aliança de "apoio crítico". Na base da coligação nas eleições proporcionais - ora com o PMDB, ora com o PT e outras legendas de centro-esquerda -, triplicou sua bancada de deputados desde 1985, ano do registro definitivo do partido.

Hoje o PCdoB diz ter 14 deputados federais, 18 estaduais, 2 senadores, 42 prefeitos, 66 vice-prefeitos e 608 vereadores. Números modestos para a força que o partido adquiriu no governo de Lula e, depois, no de Dilma Rousseff, se comparados aos de outras legendas aliadas.

No governo Lula, o PC do B lutou pelo Ministério da Defesa, mas ganhou o do Esporte e a ANP (Agência Nacional do Petróleo). Na gestão Dilma, obteve a Embratur, entregue ao ex-deputado Flávio Dino (MA).

Juventude

Embora tenha 89 anos - fundado em 1922, passou por um racha com a ala de Luiz Carlos Prestes e tem a idade contestada pelo PPS, sucedâneo do PCB - e carregue uma história marcada por tragédias, mortes e massacres, o PCdoB exerce forte atração na juventude, por causa da máquina partidária que conta com o aparelhamento da UNE, nas universidades, e células que atuam principalmente entre os operários.

Em 2001, o PCdoB tinha 33.948 militantes filiados; em 2005, 69.638; e em 2009, data da última contagem e do último congresso, 102.330. O partido tem sede própria, um prédio de oito andares no centro de São Paulo. O imóvel custou R$ 3,3 milhões, comprado, segundo o partido, com verba do Fundo Partidário (em 2010, recebeu R$ 4,3 milhões; neste ano, até setembro, R$ 6,6 milhões) e com a contribuição de militantes.

Nenhum militante está dispensado de uma severa disciplina partidária. O partido é estruturado nas chamadas Organizações de Base e todos têm tarefas, nem que seja ler e divulgar o jornal do partido, A Classe Operária, e se aprofundar no estudo do marxismo-leninismo.

As OBs devem formar-se nos locais de trabalho, moradia ou escolas. O partido adota o centralismo democrático leninista. De acordo com o estatuto, "o partido age como um todo uno, sob o primado de uma disciplina livre e conscientemente assumida. A unidade é a força do partido" (capítulo 5.º do estatuto).
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