Há seis anos, Júnior “Cigano” dos Santos trabalhava como garçom em um restaurante de Salvador, capital da Bahia. Hoje, em 2011, o peso-pesado virou ídolo do UFC, referência no octógono, e está próximo do combate que poderá torná-lo o mais novo campeão dos pesos pesados do Ultimate. Faixa marrom de jiu-jitsu e considerado o melhor boxeador do MMA, o catarinense afirma que sente-se preparado para encarar o americano Cain Velásquez, campeão invicto da categoria, no próximo sábado (12), na Califórnia, em evento que marca a estreia da TV Globo e da televisão aberta dos EUA em transmissões do campeonato (assista ao vídeo acima).
- Existe jiu-jitsu, muay thai, boxe, wrestling, mas no MMA eu posso fazer frente a qualquer um. Eu amo ser lutador, é a alegria da minha vida, da minha família, tudo isso é muito grande, e eu me considero um cara de sorte também – disse, em entrevista ao "Sensei SporTV".
Júnior Cigano se referiu ao UFC como responsável por mudar sua vida. De origem humilde, o lutador exaltou o MMA como um esporte que cresce no Brasil e no mundo, apontou Anderson Silva como embaixador da modalidade no país e disse que a disputa do cinturão dos pesos-pesados contra Velásquez será o “maior desafio de sua vida”.
- Tenho certeza que vamos sacudir aquele octógono e fazer com que todos os fãs de MMA e até os que assistem pela primeira vez se apaixonarem por este esporte, que tem mudado a vida de muita gente – afirmou.
Discípulo do baiano Rodrigo Minotauro, ex-campeão dos pesados no UFC, Cigano disse que não busca vingar o nocaute de seu mestre sofrido para o rival, Cain Velásquez, em fevereiro de 2010. Para o catarinense, o combate pelo título faz parte de sua busca pessoal pela ascensão no Ultimate.
- Quem sou eu para fazer alguma revanche para Rodrigo Minotauro? Ele mesmo pode fazer isso por ele e eu tenho certeza de que vai. A minha motivação para esta luta é completamente outra, o Cain é o campeão e eu também quero ser o campeão, e o melhor ainda é que ele nunca perdeu. Eu quero ser o primeiro a bater ele – emendou Cigano.
Cigano ainda comentou sua estratégia para enfrentar Velásquez, condenou o estilo de lutadores que criam polêmicas fora do octógono e confirmou seu verdadeiro nome.
- Meu nome é Júnior mesmo, Júnior dos Santos Almeida.
Confira a entrevista abaixo:
Sensei SporTV: Como você encara buscar seu primeiro cinturão do UFC estreando, também, na primeira transmissão para TV aberta nos EUA e no Brasil?
Júnior Cigano: No UFC tem acontecido muita coisa boa na minha vida, mas eu sou realmente um cara de sorte. Vai ser um UFC com a primeira transmissão em tv aberta dos EUA e, agora, também no Brasil, em um esporte que nós somos bons também, estamos evoluindo. Eu, fazendo parte disso tudo, estou muito feliz. A Globo todo mundo sabe são os olhos do Brasil. Hoje em dia a gente vê o Anderson Silva aí e toda a proporção que o UFC tomou com ele. Agora, todo o esporte está vindo atrás. O Anderson foi um embaixador para a gente pelo campeão que ele é. E agora está todo mundo vindo junto, e eu também, engatado, pronto para dar o meu melhor e deixar todos orgulhosos.
S: Qual a expectativa para o combate contra Cain Velásquez?
J.C: Com certeza a luta vai ser dura. Se for rápida, vai ser uma luta bonita, mesmo assim, acabando em nocaute ou finalização, da minha parte, claro. Caso demore, vai ser uma guerra, uma batalha árdua, porque tanto ele quanto eu nós buscamos bastante a luta. Tenho certeza que vamos sacudir aquele octógono e fazer com que todos os fãs de MMA e até os que assistem pela primeira vez se apaixonarem por este esporte que tem mudado a vida de muita gente.
S: A primeira luta de cinco rounds será um desafio a mais? Você acha que uma luta longa pode te prejudicar?
J.C: A principal característica do Velásquez é o condicionamento físico dele, que é incrível para um pesado. Nocaute ou finalização são consequêcias do bom trabalho dentro do octógono. Não podemos buscar isso cegamente, é um resultado da boa performance na luta. Eu estou trazendo estratégia, meses de treino duro. Minhas duas últimas lutas foram de três rounds e me deram experiência. Estou vindo muito mais preparado e confiante.
S: O seu queixo é resistente?
J.C: Não chega a ser o de um Minotauro da vida, mas eu sou lutador de alma, de coração. Para chegar aqui, minha carreira foi até rápida para quem começou há menos de seis anos e hoje está disputando cinturão. Eu sofri muito, treinei muito e apanhei muito para chegar aqui, aprendi muito tanto para bater quanto para encarar um mal momento na luta. Ainda não passei por um mal momento desses no UFC, mas nos treinos já, treinando com o Rodrigo (Minotauro) ou com o Rogério (Minotouro).
S: Você tem alguma estratégia contra Cain Velásquez?
J.C: Eu espero que ele esteja 100% para esta luta, e acho que ele vai estar. Não acredito que ele tenha aceitado esse primeiro desafio de cinturão assim. Quero enfrentar o melhor do Cain. Ele é um cara completo, tem boa trocação, dizem que tem bom jiu-jitsu, e o wrestling dele nem se fala. Vai ser o maior desafio da minha carreira, não penso muito no que ele vai trazer, penso que eu vou trazer, no que eu posso fazer.
S: Como você analisa sua trajetória no UFC até o momento atual?
J.C: Existe jiu-jitsu, muay thai, boxe, wrestling, mas no MMA eu posso fazer frente a qualquer um. Eu amo ser lutador, é a alegria da minha vida, da minha família, tudo isso é muito grande, e eu me considero um cara de sorte também. Você tem o que você merece e colhe o que planta. Já colhi muita coisa boa e tenho certeza que vou colher muita coisa para frente. A continuidade disso tudo será nesse dia 12 de novembro, no UFC.
S: O que você de atitudes como o de Chael Sonnen em criar polêmicas fora do octógono? Algum oponente já te provocou antes da luta?
J.C: Nesse sentido, o oponente que mais falou foi o Fabrício Verdun, na minha estreia no UFC. Nem foi o Gilbert Yvel, que ainda falou algumas coisinhas, mas quem falou mais mesmo foi o Verdun, por ser na minha estreia. Acho que entre eu e o Cain não tem havido mesmo nenhum "trash talk". Eu acho esse tipo de coisa uma falta de respeito e, mesmo assim, a gente sabe que o grande show vai estar dentro do octógono, quem se preocupa muito em ser esse “atorzinho” fora do octógono esquece de mostrar para o que realmente veio. Além disso, é dificil eu ligar para alguma coisa com o pessoal falando, é meu jeito até na rua. Finjo que não ouço, não me atinge, saio tranquilo. Mas dependendo do que é falado pode ser um estímulo a mais. O Verdun falava que batia em mim e no Brock Lesnar na mesma noite, e aquilo me deixou mordido. Eu era um fã dele e fui com intenção de vencer mesmo sendo o azarão.
S: Você acha que vencendo Velásquez pode fazer a revanche da derrota de Minotauro?
J.C: Não. A gente só esta vendo quem vai ser o melhor naquele dia. Assim, como o Cain foi melhor naquele dia, o Rodrigo também está caminhando para ser o melhor. Já conseguiu um belíssimo nocaute em cima do Schaub e vai para cima da primeira revanche contra o Frank Mir. Ele colocou uma meta na vida dele, está bonito de se ver. Quem sou eu para fazer alguma revanche para Rodrigo Minotauro? Ele mesmo pode fazer isso por ele e eu tenho certeza de que vai. A minha motivação para esta luta é completamente outra, o Cain é o campeão e eu também quero ser o campeão, e o melhor ainda é que ele nunca perdeu. Eu quero ser o primeiro a bater ele.
S: Qual é o seu nome real?
J.C: Meu nome é Júnior mesmo, Júnior dos Santos Almeida. Eu acho que na hora de registrar houve um erro. Mas ainda bem, porque o meu pai se chamava Sebastião, e eu não queria ser chamado de Tião. Ficou Júnior mesmo e aceitaram na hora. Eu gosto do meu nome, e sou o original, os outros Júniores me deram royalties.
Júnior Cigano encara Cain Velásques pelo cinturão dos pesos-pesados do UFC no próximo sábado, dia 12 de novembro. O combate ocorre às 0h25m (de Brasília) e terá transmissão ao vivo da TV Globo, no UFC Combate, com narração de Galvão Bueno e comentários de Vitor Belfort.
