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Sábado, 04 de maio de 2024

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Fumo pode influenciar câncer de mama, dizem pesquisadores

O fumo causa câncer de pulmão e está implicado em mais de uma dezena de outras formas de câncer, mas os cientistas em geral não o consideravam como fator importante de risco para o câncer de mama, afirmando que seu papel na doença, se algum, era bastante reduzido. Agora, um painel de especialistas canadenses está contestando essa opinião amplamente defendida.


Em um relatório divulgado na última semana, cientistas afirmavam que os indícios oferecidos por novos estudos fortemente sugerem que fumar eleva o risco de câncer de mama, e alertou que as adolescentes e jovens adultas enfrentavam riscos especiais, com a exposição ao fumo. Para elas, até mesmo exposição a fumo alheio durante esse período crítico de desenvolvimento pode elevar o risco de câncer de mama em estágios posteriores da vida.

O relatório encontrou fortes indícios de que o fumo passivo ou secundário contribuía para os câncer de mama em estágio pré-menopausa, mas não localizou indícios suficientes para afirmar que ele elevava o risco de câncer de mama pós-menopausa.

A perspectiva do grupo diverge acentuadamente do consenso entre a maioria dos cientistas, no sentido de que não existem provas suficientes para determinar se o fumo desempenha papel causal no câncer de mama.

A Agência Internacional de Pesquisa do Câncer afirmou em relatório de 2004 ter encontrado pouca ou nenhuma conexão entre fumo ativo e câncer de mama, e o Inspetor Médico geral do governo dos Estados Unidos informou em relatório de 2006 que não existiam indícios suficientes para afirmar que o fumo passivo podia causar câncer de mama.

"Uma mensagem que as mulheres receberam no passado é a de que precisam realizar mamografias, porque nada pode ser feito para prevenir o câncer de mama, mas isso é a mais completa bobagem", disse o Dr. Anthony Miller, membro do painel canadense e diretor associado de pesquisa da Escola Dalla Lana de Saúde Pública, parte da Universidade de Toronto. "A pessoa pode realizar mais atividades físicas. Pode adotar uma dieta mais saudável e evitar o excesso de peso. Pode não beber em excesso - e não fumar".

Para as mulheres mais jovens, recomendou Miller, "a mensagem é que fumar não só eleva o risco de câncer de pulmão - e vocês sabem disso; o que estamos dizendo, além disso, é que fumar também vai elevar o risco de câncer de mama, o que de muitas maneiras representa uma mensagem muito mais personalizada".

Os epidemiologistas estão fortemente divididos quanto à questão, mas diversos cientistas não envolvidos com o trabalho do painel afirmam que ainda não existem provas científicas claras quanto à questão.

"Acredito que o caso esteja longe de decidido", disse o Dr. Michael Thun, antigo vice-presidente de epidemiologia e pesquisa de vigilância na Sociedade Americana do Câncer. "Que o fumo não cause câncer de mama sempre foi um tremendo mistério. É perfeitamente plausível alegar que o faça. A questão é determinar que nível de prova existe. É quanto a isso que enfrentamos desacordos. A hipótese deve ser considerada como uma hipótese firme, porém".

O novo relatório não envolve novos estudos ou meta-análise de estudos passados, mas sim um resumo sobre a revisão das provas disponíveis por parte dos especialistas, que se concentraram em estudos novos publicados durante os últimos seis ou sete anos, os quais, na opinião do painel, representam trabalho melhor na distinção entre mulheres expostas ao fumo -não apenas fumantes ativas mas também mulheres expostas ao fumo passivo - e mulheres que jamais passaram por esse tipo de exposição.

O painel canadense foi formado por decisão da Unidade de Pesquisa do Tabaco em Ontário, na Universidade de Toronto, e seu trabalho foi bancado pela Agência de Saúde Pública do Canadá. O grupo foi formado por cinco especialistas canadenses em saúde pública e câncer de mama e por cinco especialistas norte-americanos, e os trabalhos foram presididos pelo diretor de pesquisa da Physicians for a Smoke-Free Canada, uma organização de médicos canadenses que combatem o fumo.

Temendo uma onda de críticas que poderia diluir sua mensagem pública, os integrantes do painel se esforçaram por manter segredo quanto aos detalhes da avaliação até o anúncio formal.

Caso estejam corretos - e o relatório entre outras coisas recomenda iniciativas adicionais de pesquisa -, os integrantes do grupo podem estar oferecendo às mulheres uma nova e valiosa informação, e conselhos práticos sobre como se proteger de um câncer bastante comum e que todas elas temem.

O painel não tentou quantificar o número de cânceres de mama adicionais gerados pela exposição ao fumo, mas o relatório mencionou diversos novos estudos cujos resultados sugerem que mulheres que começam a fumar quando jovens elevam em 20% seu risco de câncer de mama, e que muitos anos de fumo intensivo podem elevar o risco em até 30%.

A Agência de Proteção Ambiental do Estado da Califórnia chegou a conclusões semelhantes em um relatório veiculado em 2005, segundo o qual o fumo passivo era causa de câncer de mama anterior à menopausa em mulheres jovens que nunca fumaram mas foram expostas a um ambiente no qual havia presença de fumaça de tabaco. Embora o relatório do Inspetor Médico geral do governo norte-americano, mais recente, tenha afirmado que não existiam provas de que o fumo passivo possa causar câncer de mama, considerou que os indícios revelados pelo trabalho anterior eram "sugestivos".

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