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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

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Pacientes considerados vegetativos estão conscientes, diz estudo

Pacientes que parecem estar em estado vegetativo podem estar, na verdade, conscientes. A descoberta é de um estudo publicado na edição desta quinta-feira (10) da revista médica "The Lancet".


Os resultados foram obtidos com exames de eletroencefalograma (EEG), feitos com um aparelho barato e portátil. O teste consiste na colocação de sensores no couro cabeludo para registrar os sinais elétricos que resultam da atividade de células cerebrais.

A técnica poderia ser desenvolvida como uma forma de ajudar os médicos a fazer diagnósticos mais precisos e estabelecer contato com os pacientes que estão imóveis, afirmam os autores do estudo.

O estado vegetativo persistente ou permanente é definido como "vigilância sem percepção consciente de si e do meio". Já no estado de coma, o paciente não tem nem consciência nem observa o ambiente ao seu redor.

Métodos
Cientistas chefiados por Adrian Owen e Damian Cruse, do Centro de Cérebro e Mente da Universidade de Western Ontario, Canadá, fizeram um teste com 16 pacientes com danos cerebrais em estado vegetativo e 12 indivíduos de controle saudáveis.

Segundo o artigo, três dos 16 pacientes demonstraram de forma precisa e persistente uma clara resposta ao EEG quando se pediu que imaginassem movimentos com os dedões da mão e do pé direito.

Sinais elétricos no topo do couro cabeludo combinaram com os dos controles quando se pediu aos pacientes para executar esta atividade motora, mesmo que seus corpos não tenham executado qualquer movimento.

Os autores afirmam que não querem tirar conclusões sobre os "mundos internos" dos três pacientes na base deste experimento.

Mas destacaram que compreender e processar o comando é complexo e exige atenção contínua, selecionando a resposta correta e a compreensão da linguagem.

"Apesar do rigoroso acompanhamento clínico, muitos pacientes em estado vegetativo têm diagnóstico equivocado", acreditam os cientistas.

"O método EEG que nós desenvolvemos é barato, portátil, amplamente disponível e objetivo. Pode ser usado em todos os pacientes vegetativos e fundamentalmente mudar sua avaliação no leito hospitalar", acrescentam.

A técnica é considerada menos sensível do que a ressonância magnética funcional (fMRI), que monitora o fluxo cerebral e tem sido usada em algumas experiências importantes para determinar a consciência em pacientes vegetativos.

Mas os escâneres de fMRI são muito caros e não podem ser usados em pacientes com metais no corpo, caso frequente em pacientes com danos cerebrais severos após sofrer acidente de carro.

Se refinado, o diagnóstico por EEG pode ir além das respostas "sim/não" e incluir métodos de comunicação mais expressivos, preveem os autores.

O desenvolvimento de técnicas de classificação em tempo real de formas diferentes de imagem mental "habilitará a comunicação em duas vias com alguns destes pacientes, permitindo-lhes compartilhar informação sobre seu mundo interior, experiências e necessidades", concluem.
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