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Sexta-feira, 02 de agosto de 2024

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Diretora de 'Cazuza' prepara filme sobre meninas da favela

"Depois de 'Cidade de Deus', 'Tropa de elite' e 'Cidade dos homens', faltava um filme que mostrasse a cidade das mulheres, o ponto de vista feminino da vida na favela", diz a diretora Sandra Werneck, que levou mais de 3 milhões de pessoas aos cinemas com "Cazuza - O tempo não para". Agora, a cineasta prepara "Sonhos roubados", que deve chegar aos cinemas no segundo semestre.


No longa-metragem, ela retrata três adolescentes e seu dia-a-dia na favela, que envolve gravidez precoce, violência doméstica, prostituição, pedofilia e convívio com traficantes. "É um filme violento sem mostrar violência; não tem tiro nem perseguições. É uma coisa mais para dentro, implícita", conta a cineasta, em entrevista ao G1. "É importante mostrar essa visão feminina, porque essas meninas são as mães da próxima geração, elas têm um poder enorme nas mãos", afirma.


Prostitutas adolescentes

Filmado em comunidades de Curicica e Ramos, no subúrbio do Rio, o longa-metragem é baseado no livro "As meninas da esquina", de Eliane Trindade, que reúne diários de adolescentes que ganham a vida como garotas de programa. Na adaptação, Sandra Werneck decidiu focar em três personagens: Jéssica (Nanda Costa), Sabrina (Kika Farias), ambas de 16 anos, e Daiane (Amanda Diniz), de 14. "Desde cedo, elas são a estrutura da família e acabam fazendo programas para sobreviver", diz a diretora.

O elenco principal foi escolhido por meio de testes com cerca de 60 garotas. "Fiquei muito impressionada com o trabalho delas três, é difícil ver atrizes tão novas e tão preparadas", conta Sandra Werneck, que aproveitou moradores das favelas onde ocorreram as filmagens como figurantes. "Fomos muito bem recebidos pelas comunidades, não tenho do que reclamar", diz.

O elenco também conta com os veteranos Marieta Severo, Nelson Xavier e Daniel Dantas, além do rapper MVBill, que estreia como ator. "Foi bom, porque esses atores deram suporte às meninas, que não tinham experiência", conta a diretora, que rodou o longa em cinco semanas.

Para Sandra Werneck, o olhar feminino na direção foi fundamental para conseguir os direitos de adaptação do livro, que foram disputados por nomes de peso como o diretor Moacyr Góes e a produtora Conspiração (de "2 filhos de Francisco"). "Certos temas são tratados com mais delicadeza pelo olhar feminino, acho que isso pesou na decisão da autora", diz a cineasta, que já tinha se debruçado sobre a adolescência nas favelas no documentário "Meninas", de 2005.
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