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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Crise de financiamento ameaça avanços no combate à Aids, diz ONG

A crise de financiamento ao Fundo Global de combate à Aids, à malária e à tuberculose ameaça os recentes avanços obtidos no tratamento de pacientes com HIV, afirmou nesta terça-feira o presidente internacional da ONG Médicos Sem Fronteiras, Unni Karunakara, que está em visita ao Brasil.


'Pela primeira vez, vemos redução no número de infecções (por HIV), e, mantendo o trabalho atual, poderíamos controlar (o avanço da doença). Mas tudo isso está a perigo', afirmou em entrevista coletiva o indiano Karunakara, que é médico infectologista.

A situação do Fundo Global de Combate à Aids, TB e Malária despertou atenção internacional na semana passada, quando o organismo anunciou que não financiará novos projetos até 2014, por falta de verbas, e que até mesmo os projetos em andamento correm risco.

O Fundo pediu US$ 20 bilhões a doadores internacionais, mas recebeu US$ 11,5 bilhões - menos do que o mínimo esperado, US$ 13 bilhões, que é o quanto o organismo diz precisar para manter seus programas até 2014.

A falta de dinheiro é atribuída principalmente à crise internacional - alguns dos principais doadores são países desenvolvidos enfrentando altos deficits -, mas muitos doadores cortaram seus financiamentos temporariamente por conta de acusações de mau uso do dinheiro por parte do fundo.

A falta de dinheiro agora ameaça projetos em andamento principalmente na África Subsaariana, onde está a maior parte dos 34 milhões de portadores de HIV no mundo.

Para Karunakara, países emergentes como o Brasil têm 'um papel importante em mostrar liderança' e garantir que o financiamento seja mantido. 'Se os países não lidarem com isso agora, terão de lidar depois.'

Perigo de retrocesso

Segundo Karunakara, os avanços no combate à Aids foram substanciais na última década, e a manutenção do fluxo de dinheiro é necessária para manter esses progressos.

'Em 2000, o preço anual para tratar uma pessoa infectada era de US$ 10 mil. Hoje é de US$ 70. Ainda assim, o dinheiro precisa vir.'

A preocupação é que haja um retrocesso no tratamento de HIV nos países mais pobres.

O Fundo Global tem financiamento público e privado e provê a maior parte da verba usada por países em desenvolvimento para a compra de medicamentos antirretrovirais.

A agência Reuters relata que a situação é especialmente dramática na Suazilândia, sul da África, onde 26% da população tem HIV e onde os estoques de antirretrovirais já estão diminuindo.

A crise do fundo chama a atenção poucos dias antes da celebração do Dia Mundial de Combate à Aids, em 1º de dezembro, e em meio a boas notícias relacionadas ao controle da doença.

No dia 21, a ONU informou que as infecções pelo vírus HIV no mundo alcançaram seu nível mais baixo dos últimos 14 anos e caíram 21% em relação ao pico registrado em 1997.

Para a entidade, as causas da queda foram a resposta da comunidade internacional à epidemia da doença e a melhora do acesso ao tratamento na última década.
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