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Sábado, 03 de agosto de 2024

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Descaso

Moradores lamentam abandono de praça histórica no bairro Popular

Foto: Thalita Araújo/OD

Moradores lamentam abandono de praça histórica no bairro Popular
Praças são espaços organizados em meio à cidade que cumprem as missões de deixar a área mais bonita, mais arborizada, incentivar a integração entre vizinhos e transeuntes e dar liberdade às crianças. Em tese, essas são as funções mais gostosas e apreciadas daquelas que, quase sempre, são carinhosamente apelidadas de “pracinhas”. São aconchego, diversão e carregam muita história.


É por tudo isso que, quando uma praça está longe de cumprir seu papel, a população se entristece. Foi o que aconteceu com a Praça Manoel Murtinho, no bairro Popular, conhecida pelos mais antigos na cidade como Praça do “Cai Cai”. Ponto histórico, a pequena praça encontra-se atualmente tomada por mato, suja, sem iluminação nenhuma e com o parquinho das crianças quebrado, como mostram as fotos.

Almerinda, afetuosamente conhecida por todos como Dona Pequena, é uma senhora de 98 anos que mora há mais de 40 em frente à praça. Na graciosa lucidez de seu quase um século de vida, ela conta que viu a praça nascer, assim como muitas outras coisas na região.

Quando ela chegou lá, só havia mato e uma pequena passagem para os moradores. Tempos depois, nasceria a Praça do Cai Cai. “Na época da ‘bixiga’, diz que o povo doente caía e morria, e eles enterravam ali. Aí colocaram esse nome na praça”, conta Dona Pequena. O fato que ela conta deu-se na época da Guerra do Paraguai. Em meados de 1867 uma epidemia de varíola, doença popularmente chamada de “bixiga”, matou milhares de pessoas em Cuiabá.

Rita Oliveira, filha de Dona Pequena, acha que a última vez que a praça foi limpa foi na época da campanha eleitoral de 2008. O interessante é que em frente ao matagal que se instalou no local fica a sede do partido Democratas, da base aliada da atual gestão da prefeitura. E a prefeitura recentemente passou por lá sim, mas para colocar uma faixa de propaganda, como mostra uma das fotos.

Dona Pequena e Rita pedem mais iluminação no local, limpeza, bancos novos, e poda nas árvores, além do parquinho arrumado. “As crianças não brincam mais na praça, não tem condições, está tudo quebrado”, lamenta Rita.

Perto da casa de Dona Pequena, também em frente à praça, estava sentada Dona Cristina Nascimento Silva, na calçada, tomando um ar e queixando-se de dores. Aos 71 anos, ela está há 48 morando ali. Viu até quando Dona Pequena chegou à vizinhança. “Quando a praça era arrumada, os vizinhos se encontravam lá, ficavam tranquilos, descansavam. Hoje só sobrou a taxa de iluminação pública”, reclama a senhora. Ela diz que a única luz que tem por lá é a de um vendedor que puxa um fio, mas quando ele vai embora, a luz vai junto.

Esse “homem da luz” é Carmo Ferreira Mota. Ele também mora ali por perto e tem um trailer de lanches, que coloca na praça quase toda noite. Ele puxa um fio de luz de sua casa, e limpa a parte onde se instala. É o máximo de limpeza que se costuma ver por ali. Mas Carmo não fica até muito tarde, nunca. “Vem muita gente usar drogas aqui. Se escondem nesse mato, no meio do parquinho quebrado”, conta o vendedor.

Elias Padilha, dono da bicicletaria do outro lado da rua, complementa dizendo que depois que usam drogas, essas pessoas saem roubando pela região. “Todo santo dia”, quando ele fecha o estabelecimento para ir embora, ele carrega seu maquinário e o que mais de valor tiver na loja, para sua casa, com medo de ser roubado novamente. E ele mora no Cidade Verde. “Dá muito trabalho”, diz Padilha.


(Colaboração: Izabel Coutinho)
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