Tricampeão das Olimpíadas Escolares categoria A, para estudantes de 15 a 17 anos realizada entre os dias 02 a 12 de dezembro, em Curitiba (PR), o goleiro da equipe de handebol do Colégio Vinícius de Moraes localizado em Sorriso, Maykon Anderson de Souza, 17, quase desistiu do esporte devido às dificuldades financeiras enfrentadas por sua família.
Filho de pais separados e mais velho de um total de três irmãos, o estudante conta que entre 2006 e 2007 sua mãe ficou desempregada e o pai de seu irmão caçula deixou de depositar a pensão. “Ficamos sobrevivendo apenas com um salário mínimo da pensão paga pelo meu pai. Passamos por sérias dificuldades financeiras. Teve dias que tínhamos que optar entre almoçar ou jantar. Pensei em desistir dos treinos e arrumar um emprego para ajudar em casa”, disse.
A desistência do sonho de se tornar um atleta de handebol não ocorreu devido a uma bolsa de R$ 800 que passou a receber do Governo do Estado. “Com o bolsa atleta pude ajudar em casa e minha mãe logo arrumou um trabalho de servente de pedreiro. A partir daí tudo começou a melhorar. Morávamos em uma quitinete de dois cômodos e agora já conseguimos junto à prefeitura uma casa própria”.
Após os dois anos de dificuldades, Maykon Souza conta que atualmente já conseguiu ter acesso a diversos bens duráveis como motocicleta, computador, vídeo game, entre outros produtos “que sempre quis ter mais não tinha condições de comprar”, disse. “E isso tudo graças ao handebol”, comemorou.
Estudos
Considerado um dos melhores goleiros das Olimpíadas, com importantes defesas que ajudaram a equipe de Handebol do Estado a vencer as cinco partidas que disputou na competição, Maykon Souza estuda no Colégio Vinícius de Moraes desde 2005, quando ganhou bolsa de estudos para poder integrar o time da escola.
Ele conta que começou a treinar handebol com 10 anos. “Frequentava um ginásio municipal perto de casa no bairro Beijamim Raizel (periferia de Sorriso). Mas meu interesse era pelo futsal. Porém, com as constantes faltas aos jogos recreativos do goleiro do handebol eu passei a substituí-lo e tomei gosto pelo esporte. Nesse mesmo ano ganhei a bolsa para estudar e treinar na Vinícius de Moraes”, contou.
Além de competir pela Escola, o estudante já representou o Estado em diversos torneios de seleções juvenis. Em 2008 foi considerado o melhor goleiro do Brasil em competição realizada em Tubarão (SC). Apesar de já ter sido sondando para jogar a Liga Nacional de handebol em equipes profissionais do Paraná, o estudante que completará 18 anos em 2012 diz que concluirá o Ensino Médio e tentará fazer curso superior de Engenharia Mecânica. “Quero continuar jogando handebol agora como profissional, mas não quero deixar de estudar”, afirmou.
Superação
Outro destaque do time tricampeão de Sorriso, o estudante Cleber Andrade, 17, também teve de superar as adversidades econômicas para se destacar no esporte. Atual jogador da Seleção Brasileira Júnior, Andrade começou a treinar com 11 anos de idade na cidade de Rondon (PR). Filho de uma dona de casa e de um trabalhador da indústria sucroalcooleira, o atleta chegou a Sorriso em fevereiro de 2010, a convite do professor e técnico, Cristiano Fripp.
“Sou o filho mais velho de uma família de três irmãos. Tive que sair de casa com 14 anos para jogar handebol no município de Francisco Alves, também no Paraná, pois na minha cidade não havia muito incentivo ao esporte. Optei por vir jogar e treinar pelo Colégio Vinícius de Moraes e estou muito feliz por ajudar a equipe a conquistar títulos nacionais”, disse.
Cleber Andrade conta que também recebe R$ 800 da bolsa atleta paga pelo Governo do Estado e boa parte desses recursos repassa para os pais para ajudar no sustento dos irmãos.
