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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

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Baterista do Rappa sobre pausa: "tocar demais acaba saturando"

Em quase 20 anos de carreira, nunca o quarteto O Rappa ficou tanto tempo distante do público. Conhecida por suas longas turnês, a banda carioca permaneceu quase dois anos longe dos palcos, numa pausa classificada pelo baterista Marcelo Lobato como providencial para a continuidade da carreira, que volta a ver uma nova turnê desde o início do mês de outubro, com agenda fechada até o final de janeiro em várias cidades brasileiras. "Estávamos há muito tempo presentes e achamos por bem dar um tempo mesmo", disse o músico em entrevista ao Terra. "Não só para nós, como até para o público mesmo, porque tocar demais acaba saturando".



Além do descanso e do tempo livre para aproveitar com os familiares e amigos, a longa parada deu aos integrantes do quarteto - formado ainda por Marcelo Falcão (vocal), Alexandre Menezes (guitarra) e Lauro Farias (baixo) - a oportunidade de finalmente se dedicar a projetos paralelos, algo praticamente impossível em meio ao cotidiano do grupo carioca, um dos mais renomados das últimas décadas no País. "Eu, por exemplo, tenho um estúdio e, enfim, pude finalizar um trabalho meu de música africana, que tinha antes mesmo do Rappa. É bom fazer coisas diferentes para se realimentar, para voltar à banda com ideias novas, piadas novas. Tem gente que não gosta de tocar com outras pessoas, mas esse não é o nosso caso".

Grandes períodos de tempo na inatividade podem, no entanto, acabar sendo mais prejudiciais do que positivos. Isso porque muitas vezes o sujeito que era fanático há alguns anos pode futuramente deixar de sê-lo, e a ausência na mídia pode levar as novas gerações de potenciais fãs a simplesmente ignorar a existência do artista. "O Rappa tem um público muito fiel", defende-se Lobato, rechaçando qualquer temor em relação a um possível distanciamento de seus fãs. "Mas, mesmo se não tivesse, acho que a banda não pode ter medo de fazer suas escolhas, até porque ela é formada por pessoas e esse cotidiano de shows acaba fazendo você perder até a sua vida, que é a coisa mais importante do mundo. Se o artista for esquecido, é simplesmente porque não tem conteúdo para permanecer no mercado, ou seja, é algo que aconteceria de uma forma ou de outra".

Viciado
Apesar da necessidade de se ausentar dos palcos, a banda não via a hora de voltar à rotina de shows que tanto pautou grande parte de sua existência nas últimas duas décadas. Com o disco de estúdio mais recente, 7 Vezes, lançado apenas pouco antes do recesso, numa época em que as grandes turnês já estavam sendo evitadas, o Rappa começa a vislumbrar a oportunidade de montar um repertório fresco, mais pautado no trabalho. Contudo, segundo Lobato, os set-lists raramente serão respeitados em sua íntegra, já que, pelo entrosamento de seus integrantes, é sempre viável testar algo diferente diante do público.

"O Falcão, com aquele jeito meio anárquico dele, às vezes puxa alguma coisa e a gente acaba improvisando", explicou, enaltecendo as qualidades das apresentações da banda. "Esse nosso lado experimental é muito bacana, porque o show não fica burocrático, repetitivo. E a galera que vai à nossa apresentação sabe que rola essa vibe quando estamos no palco, que, por sinal, é viciante. Um vício bom, claro".

A volta aos palcos vem acompanhada pela estreia do grupo no Réveillon de Copacabana, onde se apresenta pela primeira vez em 2011, a apenas poucos minutos da virada do ano. E, a despeito de, assim como seus colegas, não ser fã de celebrar a data trabalhando, Lobato viu a proposta como irrecusável. "Confesso que não é o melhor programa para mim, pois gosto de ficar sossegado, com os amigos. Mas é um dos maiores Réveillons do mundo e vai ser emocionante. Além disso, vamos tocar antes da virada, quando o pessoal não estiver tão bêbado, então vai ficar tudo bem".

Puro entretenimento
Marca da banda desde seu primeiro disco, lançado em 1994, o engajamento social é visto como assunto muito delicado pelo baterista. Mesmo sendo a favor da prática, Lobato disse acreditar não haver preparo de boa parte dos artistas para abordar fatos em torno da temática, que exige estudo e embasamento. "Há mil casos patéticos de famosos que se envolvem com esses temas falando e até fazendo besteira. A única vantagem do artista é a sua notoriedade, que lhe dá a oportunidade de alcançar mais pessoas. No nosso caso, aproveitamos o espaço ocioso para divulgar coisas que acreditamos".

Contudo, o baterista não vê grande diferença entre falar ou não dos males sociais diante do público, já que isso dificilmente seria capaz de mudar a mentalidade de seus fãs. A ideia, porém, é seguir o mesmo caminho que vem sendo traçado há desde o início do grupo, na tentativa de, quem sabe, fazer alguma diferença. "Acho que a maioria da galera vai ao show por puro entretenimento. Mas só de estar ali junto, participando do show, já é bastante coisa. Não sei se muda a atitude da pessoa, mas muitas vezes o cara consegue perceber coisas que não via antes, o que já é positivo".

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