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Sexta-feira, 26 de julho de 2024

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Treinador, nunca mais: Roberto Carlos quer voltar logo a jogar

Dois jogos do Anzhi e uma mesma cena. Samuel Eto'o passa sem dar entrevistas, autógrafos ou parar para fotos com os torcedores. Roberto Carlos é o último a sair. Atende a todos, fãs e jornalistas, pacientemente. É como se o camaronês fosse o responsável por fazer os gols e o brasileiro, por cuidar da imagem do clube. No Anzhi, Roberto Carlos já fez de tudo um pouco. Até treinou o time. Se bem que essa é uma experiência que ele espera não repetir tão cedo.


– Eu quero voltar a jogar. Ainda não me vejo preparado para ser um treinador principal. Assistente, tudo bem. Mas tenho uma história e não quero prejudicar minha imagem no futebol para ser técnico. Vai que não dá certo, o time não ganha e sou mandado embora, sai todo mundo? Tenho muito medo – afirma, vestido com o pesado casaco da comissão técnica para se proteger do frio do início de inverno em Makhachkala.

Durante os três últimos meses de 2011, entre a demissão de Gadzhi Gadzhiyev e a chegada do novo treinador, Yuri Krasnozhan, Roberto Carlos comandou o Anzhi ao lado do auxiliar técnico Andrei Gordeyev. Mas o jogador garante não ver a hora de entrar em campo de novo, quando a segunda fase do Campeonato Russo recomeçar, em março.

– Não desisti, não. Ainda quero jogar. Via o pessoal em campo e me dava vontade de ir também. Talvez não dispute todas as partidas, mas ainda quero ajudar. Virei treinador num momento complicado, em que o clube não tinha bons resultados e minha ajuda era mais importante do lado de fora – diz Roberto, de 38 anos.

Quando assumiu a nova função, Roberto Carlos buscou ajuda com técnicos famosos do Brasil e do exterior.

– Eu falei com o José Mourinho no Real Madrid, falei também com o Vanderlei Luxemburgo sobre os treinamentos que devem ser feitos no futebol atual. É diferente, um pouco estranho no início estar ali do lado de fora. Mas tive um bom entendimento com o Andrei (Gordeyev) e os resultados apareceram – acrescenta, enquanto vira o rosto para o lado para tirar uma foto com um torcedor abraçado com ele.

Antes de passar a comandar o time, Roberto Carlos já tinha o trabalho extracampo de reunir-se com o dono do clube, Suleiman Kerimov, para planejar a temporada e discutir possíveis reforços. Foi Roberto quem conversou com Samuel Eto'o, a quem chama “Samuca”, para mostrá-lo o projeto do Anzhi e convencê-lo a se transferir para o clube – ajudado pela proposta do maior salário do futebol mundial (estima-se que o camaronês receba R$ 48 milhões anuais). Tentou também convencer Ganso e Neymar, sem sucesso.

O objetivo traçado com Kerimov para a primeira temporada do novo Anzhi é classificar a equipe para uma copa europeia. Mas uma sequência de maus resultados no Campeonato Russo e a eliminação na Copa da Rússia atrapalharam os planos e deixaram Roberto preocupado.

– Quis ouvir do Kerimov se os objetivos dele continuavam os mesmos apesar dos tropeços. Mas ele me disse que nada mudou e os investimentos vão continuar. Ele quer fazer do Anzhi um grande clube. Nós continuamos na briga. Talvez não dê para chegar à Liga dos Campeões, mas queremos estar na Liga Europa. Somos uma equipe muito forte dentro de casa. É difícil a gente perder no nosso estádio.

Aos 38 anos, a proposta do Anzhi surgiu para Roberto Carlos num momento que costuma ser complicado para muitos atletas. No Daguestão, além de uma milionário proposta, ele viu aberta a porta para encerrar a carreira de jogador e iniciar uma outra função ligada ao futebol.

– Meu futuro é aqui, porque tenho a oportunidade de ficar por muitos anos trabalhando no futebol russo. O projeto para o Anzhi é muito bom e me sinto bem demais. O Kerimov disse que enquanto eu estiver aqui, ele vai estar. E enquanto ele estiver no clube, eu vou estar com ele. Então, espero que isso dure mais 20, 30 anos...

Na saída do estádio do Dínamo, num de seus últimos jogos como treinador, Roberto Carlos acena de longe para um grupo de torcedores que, do lado de fora, gritam seu nome.

– O bonito de Makhachkala é isso. O que é pouco para a gente, vale muito para eles. Um aceno, um autógrafo. E isso é só o começo. Mais grandes jogadores virão. Muita coisa ainda vai acontecer.

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