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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Pesquisa busca saber como substância ligada à obesidade e ao sedentarismo responde a diferentes tipos de exercícios físicos

Uma pesquisa, a ser desenvolvida este ano nos programas de pós-graduação em Educação Física da Faculdade de Educação Física (FEF) e Biociências da Faculdade de Nutrição (Fanut), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), pode revelar como diferentes tipos de exercícios - aeróbios e/ou anaeróbios - contribuem na luta contra o processo inflamatório do organismo associado ao sedentarismo e à obesidade. O projeto, coordenador pelo professor Fabricio Azevedo Voltarelli, doutor em Ciências da Motricidade, foi contemplado pelo Edital Universal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com auxílio financeiro no valor de R$ 38.098,42, e terá total duração de dois anos. O projeto será conduzido por Carolina Mendes Santos Silva, discente recém-ingressada no curso de Pós-Graduação em Biociências da UFMT. Todo o procedimento experimental acontecerá nas dependências do Labaratório de Experimentação Animal e Exercício da FEF, recém-inaugurado.


Fatores genéticos, hormonais, ambientais e nutricionais colaboram para o desenvolvimento da obesidade, uma doença crônica que afeta milhares de pessoas, de todas as idades e grupos socioeconômicos, com os desequilíbrios causados ao organismo. Em termos científicos é um processo inflamatório do tecido adiposo, que por muitos anos foi visto apenas como local de reserva energética, cuja função era nos proteger contra possíveis choques e funcionar como isolante térmico. De acordo com o pesquisador, “é claro e notório que o estilo de vida sendetário aumenta, e muito, as chances de o indivíduo se tornar obeso e, consequentemente, um sujeito ‘inflamado’ ”.

“O que temos, quando pensamos no trinômio obesidade x sedentarismo x exercício, são vias que podem se cruzar a qualquer momento, isto é, o sujeito obeso torna-se sedentário, o sedentário torna-se obeso e, ambos, fazem da preguiça seu pior aliado contra o terceiro elemento dessa trinca: o exercício físico regular”, completa.

A descoberta de que o tecido adiposo secreta diversas substâncias, dentre elas as citocinas (pequenas proteínas celulares associadas, entre outras coisas, às reações inflamatórias), revelou o seu papel no desenvolvimento da obesidade. É como um ciclo vicioso: o tecido adiposo incentiva a produção e liberação de citocinas, que o inflamam. Quanto maior a expansão do tecido adiposo, ou seja, quanto maior o acúmulo de gordura, mais citocinas são liberadas, logo, mais inflamação do tecido...

“Por outro lado, e de forma importante, sabe-se que o exercício físico regular (treinamento) é capaz de estimular a produção de outros tipos de citocinas, as chamadas miocinas, que recebem esse nome justamente por serem produzidas na musculatura esquelética em exercício (contração muscular)”, diz o professor. O ponto positivo nessa história, ressalta, é que as miocinas são anti-inflamatórias e possuem elevada capacidade biológica de combaterem as citocinas, estas inflamatórias e deletérias ao organismo.

O projeto de pesquisa, intitulado “Verificação das respostas pró e anti-inflamatórias em ratos submetidos tanto ao exercício físico aeróbio como de força”, vai analisar três grupos de ratos saudáveis durante oito semanas ininterruptas.

O primeiro é um grupo de ratos que farão exercícios aeróbios – modalidade que utiliza o oxigênio na produção da energia levada aos músculos durante o esforço físico. Caminhar, correr, nadar e pedalar são exemplos de exercícios aeróbios. Os dez animais desse grupo vão aprender a nadar. Uma hora de natação diária carregando uma pequena bolsa de chumbo, que terá o seu peso aumentado progressivamente, até chegar ao limite de cinco por cento do peso corporal do animal.

O segundo grupo, com a mesma quantidade de animais, vai pegar pesado com os exercícios anaeróbios, ou exercícios de força. Os animais também vão carregar uma bolsinha como a do grupo anterior. Mas o exercício é diferente. Com a bolsa de chumbo pesando o equivalente a cinquenta por cento do seu peso corporal, cada animal vai aprender a saltar na água.

Fabricio Azevedo Voltarelli, professor da Faculdade de Educação Física (FEF) da UFMT e coordenador do Núcleo de Aptidão Física – Metabolismo e Saúde (Nafimes), responsável pelo projeto, diz que o exercício vai exigir maior esforço dos animais, já que os saltos serão feitos em séries. “Serão quatro séries parecidas com as que fazemos na academia de ginástica. A cada dez saltos, um descanso de um minuto e meio.” Já o terceiro grupo é o dos sedentários. Não fará nada. Os animais de todos os grupos serão alimentados e higienizados diariamente.

Os exercícios físicos estão comprovadamente associados à melhora da saúde. E pesquisas nessa área podem descobrir como as citocinas se comportam nas três possibilidades descritas acima: sedentarismo, exercícios aeróbios e exercícios de força. Voltarelli explica que o uso de ratos na pesquisa se justifica porque esses animais possuem o DNA muito parecido com o dos seres humanos. “A constituição genética dos camundongos é muito semelhante à nossa. Para ser exato, 99% dos genes humanos assemelham-se aos dos ratos”. Logo, os resultados obtidos poderão ser usados para ajudar as pessoas a combater a obesidade e todos os seus males.

O principal objetivo do projeto de pesquisa coordenado pelo professor Fabrício é saber qual tipo de exercício é melhor no que diz respeito ao combate às citocinas inflamatórias: se o exercício aeróbio ou o exercício de força.
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