Olhar Direto

Domingo, 21 de julho de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Artigo propõe grupo internacional para debater pesquisas de risco

A edição desta sexta-feira (10) da revista “Science”, uma das mais prestigiadas publicações científicas do mundo, traz um artigo que defende a fundação de um grupo internacional para debater pesquisas polêmicas, que geram a chamada “controvérsia do duplo uso”.


O texto de Ruth Karren e Ruth Faden, da Universidade Jonhs Hopkins, em Baltimore, nos EUA, vem em um momento em que os cientistas estão divididos em relação a uma pesquisa com o vírus H5N1, causador da gripe aviária.

A equipe de Ron Fouchier, do centro médico Erasmus, da Holanda, estuda a transmissão do H5N1 entre mamíferos – inclusive de pessoa para pessoa. Hoje, a doença, que tem alta taxa de mortalidade entre humanos, só é transmitida de animais para animais e de animais para pessoas.

O Painel Consultivo sobre Biossegurança dos Estados Unidos (NSABB, na sigla em inglês), órgão do governo americano, teme que esses dados sejam usados por bioterroristas e não quer que o estudo seja publicado. No momento, a pesquisa está suspensa por iniciativa da própria equipe de Fouchier.

O NSABB não tem poder para proibir nenhuma pesquisa, ela pode apenas recomendar que um estudo não seja publicado, e a decisão cabe às revistas científicas – no caso, a “Science” e a “Nautre”.

Interesses diferentes
Quando Karren e Faden sugerem a fundação de um grupo internacional, elas têm em mente o fato de que países diferentes têm interesses diferentes.

“Os detalhes dos estudos recentes com o H5N1 podem ser de utilidade particular para os países em que o H5N1 é prevalente em aves e em que os riscos aos humanos são de preocupação imediata”, diz o artigo.

Na visão delas, ao mesmo tempo em que nenhuma sociedade deve trabalhar com “risco zero”, ignorar os benefícios da publicação dos estudos é de uma “perspectiva eticamente inaceitável”, já que vidas podem ser salvas com a evolução das pesquisas.

O texto diz ainda que já deveria haver um grupo organizado para debater e regular as pesquisas de duplo uso. Em 2004, foi publicado o “relatório Fink”, sugerindo orientações para identificar pesquisas que pudesses ser usados para fins bélicos. Era uma consequência das ameaças de ataque com a bactéria do antraz, em 2001.

“Nos oito anos desde aquele relatório, nenhum sistema coordenado para a supervisão de pesquisas de duplo uso foi implantado, seja nacional ou internacional”, constata o texto.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
Sitevip Internet