Olhar Direto

Sábado, 03 de agosto de 2024

Notícias | Cultura

Documentário revive os 30 anos de carreira do Ratos de Porão

Com quase 30 anos de carreira, o Ratos de Porão é quase uma instituição do rock brasileiro. Representantes da primeira onda punk que angariou centenas de adeptos na periferia de São Paulo, o grupo é detentor de marcas históricas, como o fato de ter lançado o primeiro disco de hardcore de uma banda da América Latina,a em 1984.


Os fãs paulistanos da banda tem a oportunidade de ver essa história em detalhes neste sábado (9): o documentário “Guidable: A verdadeira história do Ratos de Porão” estreia no Cine Olido (Av. São João, nº473), com uma sessão às 15h a preço popular – apenas R$ 1.

O filme nasceu de uma proposta do vocalista da banda João Gordo ao diretor do videoclipe da música “Covardia de plantão” (que acabou sendo censurado pela gravadora do quarteto): “Convidei ele para fazer o documentário porque a gente tem um trilhão de materiais lindos, e não tem como desovar esse lixo, mostrar para as pessoas”.

Fernando Rick topou o desafio de fazer seu primeiro documentário – e logo um longa-metragem. O dono da produtora Black Vomit logo se associou ao co-diretor Marcelo Apezzato, vocalista da banda Hutt.

O filme demorou dois anos para ser finalizado, entre pesquisa, gravações e edição. “Acho que a parte mais complicada foi a decupagem das fitas. Eu que sou fã não ligo muito, mas a minha mulher reclamou bastante das noites em claro com uma caneta na mão em frente à TV”, confessa Apezzato.

Entre o material fornecido pelos membros, ex-membros e amigos da banda, além de duzentas horas de entrevistas captadas, o primeiro corte do filme acabou ficando com três horas, que foram reduzidas para os 101 minutos da versão final. “E olha que se eles pesquisassem com mais calma, achariam bem mais material”, imagina Gordo.

De festivais como “O começo do fim do mundo” e coletâneas pioneiras como “Sub” no começo dos anos 80, a banda seguiu para turnês internacionais na década seguinte – muitas vezes ao lado do Sepultura. “Uma das coisas mais impressionantes de fazer o documentário é ver como os lugares onde eles tocavam e se hospedavam nessas turnês eram podres – não é porque era na Europa que tudo era bonitinho”, conta Marcelo.

O tom de “cinema verdade” inclui até o uso de drogas pela banda: “Quis fazer um documentário sem censura, e nenhum dos entrevistados é hipócrita”, revela Rick. O documentário tem até imagens de uso de substâncias entorpecentes: “Não vamos mentir, todas as bandas de rock nos anos 80 usavam. No documentário dos Titãs eles aparecem drogados, mas ninguém fala nada. Com a gente é diferente”, explica o vocalista.

Ao mesmo tempo, essa atitude passa longe da apologia – está mais para alerta: “Tratamos com naturalidade, mas as histórias mostram sozinhas os problemas que as drogas podem trazer. Como aparece em uma frase no documentário, se droga levasse a algum lugar, o Ratos estaria lá faz um bom tempo”, resume Apezzato.

Mesmo os fãs mais fiéis devem encontrar histórias novas da banda em “Gidable” – o próprio joão Gordo, dono de uma boa memória, diz que acabou lembrando de episódios bizarros: “Eu nem lembrava da história que o Jabá me deu uma cadeirada e pegou uma faca para me matar. Depois virei pra ele e disse: ‘Queria me matar, né seu filho da...’”.

No fim, a presistência da própria banda é uma das grandes estrelas do filme: "Ninguém ficou rico nem famoso, mas eles mostraram que é possível se manter durante tanto tempo na ativa sem perder o pique. Por mais que não tenham uma vida de luxo, mostram que, levando a sério a sua música, você consegue se manter relevante", resume Marcelo.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 

Comentários no Facebook

Sitevip Internet