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Sábado, 20 de julho de 2024

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Metade dos obesos que reduzem o estômago volta a engordar

Metade das pessoas obesas que fazem redução de estômago volta a engordar parcialmente, e 5% ganham todo o peso de novo. Por isso, não adianta apenas se submeter à cirurgia bariátrica: é preciso mudar de hábitos e manter uma reeducação alimentar para o resto da vida.


A operação também deve ser a última alternativa para quem precisa emagrecer – seja por obesidade mórbida ou por doenças associadas ao excesso de peso. Ao contrário do que muita gente pensa, o estômago das pessoas gordas não é maior nem mais elástico que o das magras.

Segundo o endocrinologista Alfredo Halpern e o cirurgião bariátrico Marco Aurélio Santo, a redução de estômago não faz milagres e envolve riscos, além de eventuais complicações no pós-operatório, como todo procedimento de alta complexidade.

Após a cirurgia, estudos apontam uma perda média de 60% do peso original, que costuma ocorrer em até um ano e meio. A pessoa passa a sentir menos fome, pois a operação mexe com hormônios como a grelina, que regula essa vontade de comer. Em 85% dos casos, quem tem diabetes tipo 2 também deixa de manifestar a doença.

Esse tipo de recurso é praticado no Brasil há 20 anos, e cada vez mais há pacientes que passam por ele – o país já é o segundo no mundo em número de pacientes operados.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, 60 mil cirurgias foram realizadas em 2010 no país, um aumento de 33% em relação a 2009. Desse total, 35% foram por videolaparoscopia, que são menos invasivas (com 5 ou 6 incisões milimétricas no abdômen) e já cobertas pelos planos de saúde. No Sistema Único de Saúde (SUS), geralmente é feita a cirurgia aberta, que faz um corte maior na barriga.

Há basicamente três tipos de cirurgia: a que apenas reduz o estômago, a que diminui e modifica um pouco o curso do intestino e a que reduz e altera muito o curso intestinal. O desvio intestinal permite que o órgão absorva menos gordura, além de estimular a produção de hormônios que diminuem a fome e melhoram a diabetes.

Nas primeiras duas ou três semanas, o paciente deve bebericar, a cada meia hora, cerca de 100 ml de líquidos como água, chá, gelatina, água de coco, isotônico, caldos caseiros de carne e de frango, sem resíduo algum. Passada essa fase, entram pequenas quantidades de macarrão e carne moída.

Os médicos destacaram alguns possíveis efeitos da operação, como anemia, perda de cabelo e gases. Também pode ocorrer o chamado "dumping", um mal-estar quando é ingerido muito líquido ou alimento de uma vez só. Por isso, é preciso engolir em pequenos goles e mastigar bem a comida. A quantidade de água consumida deve ser suficiente para deixar o xixi bem clarinho, destacou Halpern.

Ter sucesso na cirurgia bariátrica significa, após 5 anos, perder pelo menos metade do excesso. Por exemplo, uma pessoa de 100 kg cujo peso ideal é 60 kg precisa estar, depois de 10 anos, com até 80 kg. Para indivíduos com índice de massa corporal (IMC) entre 35 e 40, o sucesso é de 90%. Para IMCs maiores, a taxa cai para 70%.

É importante tomar cuidado especial com os carboidratos (pães, massas e doces), que são facilmente absorvidos e digeridos mesmo pelos operados. Gorduras e proteínas também devem ser evitadas.

As complicações mais graves dessa cirurgia são os sangramentos (2% dos casos), infecções, vazamentos das costuras, embolia pulmonar e hérnias. Também pode ocorrer obstrução intestinal, mesmo depois de muito tempo da operação.

Durante pelo menos 18 meses, é possível ficar com sobras de pele. Esse é o prazo para perder peso e fazer uma cirurgia plástica.

Para fazer a bariátrica, certifique-se de que seu médico é um cirurgião com formação específica e verifique se a equipe do profissional inclui endocrinologista, nutrólogo ou nutricionista e psiquiatra ou psicólogo.

No hospital, são necessários um anestesista, um fisioterapeuta e uma equipe de enfermagem. O hospital também precisa ter unidade de terapia intensiva (UTI).

Outros cuidados
- Deve haver a compreensão do paciente e dos familiares sobre os riscos da cirurgia e mudanças de hábitos

- O acompanhamento pós-operatório precisa ser feito com uma equipe multidisciplinar, a longo prazo

- A cirurgia não é milagrosa: a obesidade é uma doença crônica e deve ser controlada a vida inteira

Dados brasileiros
- Segundo o IBGE, até 2010 havia 12,5% dos homens adultos com obesidade e 16,9% das mulheres

- A incidência é maior entre homens de 45 a 54 anos e de mulheres entres 55 e 64 anos

- O excesso de peso e a obesidade atingem de duas a três vezes mais homens de maior renda, em áreas urbanas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste

Possíveis consequências da cirurgia
- Fraqueza
- Anemia
- Dificuldade para beber grandes quantidades de líquido
- Excesso de pele, que pode ser corrigido com cirurgia plástica
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