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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

Notícias | Meio Ambiente

Cientistas precisam vencer desafio logístico para estudar em ilha remota

Viver e pesquisar em um dos locais mais isolados do país traz grandes dificuldades logísticas para a Marinha, já que a única forma de se chegar ao arquipélago de São Pedro e São Paulo, localizado a 1.010 km de distância da costa brasileira, é por navios.


G1 visita arquipélago mais inóspito do BrasilHelicópteros não têm autonomia de voo e a ilha também não permite pousos e decolagens dessas aeronaves devido ao seu terreno irregular. Marinheiros e cientistas enfrentam uma longa de jornada marítima que pode durar até quatro dias, enfrentando águas bravas, tempestades, ondas altas e enjoos.

Ao menos três vezes ao ano, embarcações da Marinha saem da Base Naval de Natal (RN) com a missão de verificar o funcionamento da Estação Científica implantada no meio do Atlântico. Já os cientistas se revezam a cada 15 dias, sendo transportados em barcos fretados pela corporação.

No  dia 25, 33 oficiais e quatros civis – entre eles o repórter do G1 – partiram da capital do Rio Grande do Norte em direção ao arquipélago no Navio Balizador Comandante Manhães, que voltou à atividade após uma pausa de dois anos para restaurar partes fundamentais como motores e geradores.


Capitão-tenente Bruno Rocha (Foto: Eduardo
Carvalho/Globo Natureza)O capitão-tenente Bruno Rocha de Sousa Teixeira assumiu a responsabilidade de liderar os marinheiros lotados na embarcação na primeira quinzena de fevereiro.

“Nosso objetivo em São Pedro e São Paulo é prestar uma ajuda aos militares que já estão no arquipélago, com a construção de um píer para embarque e desembarque e reforma do prédio da Estação Científica. Outra missão fundamental é a implantação de uma boia de amarração, que facilitará as paradas dos navios que vierem até aqui”, afirma o comandante.

Cotidiano no navio
Durante 24 horas os marinheiros se revezam em turnos para manter o navio funcionando. Na condução, navegação, cozinha, faxina, todos têm a mesma importância, segundo o capitão-tenente.

Nas horas vagas, eles se revezam lendo livros, assistindo a filmes, competindo em partidas de futebol pelo videogame ou em um jogo de estratégia chamado “Aliado”, difundido entre os marinheiros brasileiros.


Mergulhadores da Marinha trabalham para implementar boia de amarração (Foto: Eduardo Carvalho/Globo Natureza)No almoço e jantar, uma diversidade de pratos todos os dias, como estrogonofe de carne, bife empanado, fricassê de frango. Mas para alguns, nem o cheiro desses pratos poderia ser sentido devido aos enjoos constantes sentidos devido ao balanço intenso do navio, que se move de acordo com as ondas do mar. No jargão da Marinha, aqueles que foram abatidos pelo mal-estar estão “mareados”.

Hora da saudade
Apesar de tentaram ao máximo se distraírem, a saudade de casa e da família é forte, principalmente à noite.

O sargento Sidney Lodônio Alves, 49 anos disse que a viagem ao arquipélago de São Pedro e São Paulo pode ser a sua penúltima missão como integrante da Marinha brasileira. Ele está prestes a completar 30 anos de serviço, tempo suficiente para pedir sua aposentadoria e transferência para reserva.

Alves disse que nestes anos todos de prestação de serviço, a dificuldade maior é vencer a saudade da família.

“O trabalho é recompensador, já que com ele consigo oferecer o melhor à minha família. Para isso, a ausência é necessária e é onde a saudade aperta”.

De acordo com o sargento, durante os anos em que serviu à Marinha, o tempo de permanência dentro de um navio variava entre dez e 17 dias todos os meses. Ele afirmou que a parte mais difícil na decisão de se aposentar é não saber o que o espera no futuro. “Talvez seja medo, mas na verdade é a expectativa para o novo cotidiano”, afirma.

A previsão é que o navio e a sua tripulação estejam de volta a Natal no próximo dia 8, “se Netuno permitir”, afirma o capitão-tenente José Bento da Silveira Neto.
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