"As regras têm que ser iguais para todos", afirmou nesta terça-feira (19) Ivan Zurita, presidente da Nestlé, sobre a possibilidade de o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovar a aquisição da Sadia pela Perdigão, anunciada oficialmente pelas companhias.

Segundo o executivo, que esteve nesta terça em São Paulo em evento do Grupo Lide, não podem haver diferenças entre as empresas nacionais e as internacionais, no que tange às decisões de controle da concorrência nos mercados. "O Brasil precisa aprender a conviver com regras globalizadas para ter um mercado globalizado", disse Zurita.

Quando questionado sobre a possibilidade de o Cade aprovar a transação que formará a Brasil Foods antes da definição sobre a aquisição da Garoto pela Nestlé (cuja compra foi vetada pelo Cade há cinco anos e deve ser reavaliada), o executivo afirmou que o critério do conselho será essencial para definir se o Brasil é um país responsável. "Se o Brasil é sério, é sério. Não sou a favor do favorecimento de certos setores", enfatizou.

Sobre os efeitos da compra da Sadia pela Perdigão nos negócios da Nestlé, Zurita disse que "está preocupado" com a venda de produtos em que sofre forte concorrência, como café, achocolatado, iogurte, entre outros. "Podemos até perder a liderança em algo, mas o que importa é que continuemos a fazer melhor o que já fazemos", disse.

Na opinião do executivo, quem realmente tem que ter cuidado com esta operação das duas brasileiras, no entanto, é o consumidor e o investidor, já que a concentração do mercado poderá influenciar nos preços dos produtos. "Se for possível fazê-la (a operação), será uma operação interessante, mas a concorrência, na minha opinião, é saudável para todos", concluiu o presidente da multinacional suíça.