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Quarta-feira, 24 de julho de 2024

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Ganso quer revanche contra Messi em 2014 após derrota no Mundial

Aos quatro anos, ele já não largava a bola. O menino de Ananindeua, município do Pará, foi batizado como Paulo Henrique Chagas de Lima. Hoje, ele é mais conhecido como Ganso, o camisa 10 do Santos. O jogador cresceu, virou craque, ídolo do clube paulista e foi parar até na Seleção. Na carreira do jovem de 22 anos, capítulos de conquistas, frustrações e esperança. O seu objetivo agora é buscar um sonho que acabou escapando em 2010: representar o Brasil na Copa. Para tornar o momento ainda mais especial, o meia quer uma revanche com Messi. Tudo por causa da última final do Mundial de Clubes.


- Eu acho que seria muito bom a gente poder vencer a Argentina aqui no Brasil. Com o Messi jogando então, seria demais - disse Ganso.

O sucesso do craque não veio por acaso. O talento ajudou bastante, mas foi tudo muito bem planejado. Adotado ainda bebê pelo seu Júlio e pela dona Maria Creusa, o caçula logo virou o xodó da família e teve sua carreira abençoada pelos pais, que o ajudaram a não desgrudar mais da bola com um método diferente.

- A gente colocava a bola em todos os espaços da casa. Quando ele ia fazer algum dever da escola, a bola já estava no pé. E na cozinha nós colocamos uma bola no teto, pendurada em uma rede. Toda vez que entrava na cozinha, ele pulava para cabecear - brincou o pai Júlio.

- Eu comprava bola de todo tipo. Bola pesada, bola de borracha. E quando chegava em casa do treino, eu ainda praticava para ele aprender a cabecear e dominar no peito - disse dona Creusa.

Em Ananindeua, ele participava de peladas com os amigos todos os dias. Mas agora, ele é apontado como um dos melhores jogadores do Brasil. A cidade, que era conhecida apenas como a terra das ananis, tipo de árvore que deu nome ao lugar, agora conta com um personagem de peso.

Primeiros passos

Foi no pequeno ginásio do Tuna Luso Brasileiro do Pará que Paulo Henrique começou a aprender futebol para valer. E aprendeu tudo o que podia com o seu Carlos Alberto Conceição, o Capitão, considerado por ele muito mais que apenas um técnico.

- Um paizão para mim. Foi quem me ensinou muita coisa desde que eu cheguei na Tuna Luso Brasileira. Fico muito feliz quando encontro ou falo com ele. Eu não posso nem falar que ele começa a chorar - disse Ganso.

- Ele é como se fosse um filhão. Eu sei que as pessoas vão dizer que eu sou chorão, mas não sabem o que passamos nessa quadra. Eu me emociono porque você vê uma criança que vem com sete anos para quadra e hoje você vê jogar com a camisa do Santos e da Seleção. É muita emoção! Tem uma camisa da Seleção lá em casa que ele me deu e a gente guarda com todo carinho - disse o Capitão.

Antes de ver o Ganso pela TV se destacando, o seu Carlos Alberto Conceição viu o Paulinho Henrique despontar nas quadras do Pará. Ele ganhava tudo. Desde pequeno já acumulava medalhas.

- Ele foi campeão comigo desde 97. Foram oito títulos paraenses consecutivos pelo Tuna Luso - disse o treinador.

Quando não estava nas quadras, o menino Paulo Henrique estava no colégio, sempre sentado na última fileira da classe. Ele já era o homem da criação, da armação das brincadeiras.

- Como um famoso camisa dez, eu tenho que armar as jogadas. Eu só armava e deixava os outros concluírem - brincou o meia.

Além de jogar bola e fazer bagunça, Paulo Henrique também gostava de festa junina, piscina, triciclo, capoeira, fazer pose no descanso e até que fazia sucesso com as meninas.

- Acho que isso tem que ficar para o resto da vida. São coisas que você não vive no futebol e em nenhum outro lugar. Isso é para estar sempre na minha mente.

Conquistas, frustrações e esperança

Do Tuna Luso, Ganso foi levado para fazer testes no Santos por um ídolo do clube paulista, também paraense. Foi Geovani quem levou o menino de Ananindeua. Só ele e a dona Creusa. E o Ganso passou e se tornou atleta do Santos.

- Era um quarto e uma sala com um sofá. Eu dormia no sofá para ele ficar tranquilo porque ele ia treinar de manhã. Não tinha porque ter conforto e o meu filho não - lembrou a mãe.

- Ela dormia praticamente em um colchãozinho no chão. E eu mais confortável para poder passar nos testes - acrescentou o craque.

Ganso virou profissional aos 18 anos. Mas vida de jogador nem sempre são só flores. E ele sabe bem disso. Com o Cuca, ele subiu para a equipe principal, mas acabou descendo de novo para os juniores. Com Leão foi a mesma coisa. O meia chegou a pensar em parar de jogar.

- Eu estava tendo as oportunidades e não estava confiante para explodir e ser um grande atleta. E isso fica na cabeça. Você acaba ficando com receio, triste e vai se isolando. Pensei em voltar a estudar - lamentou.

Seleção e a relação com Neymar

Mas seu Júlio e dona Creusa não deixaram o filho parar. E hoje o Brasil agradece. Sempre com a cabeça erguida, como havia aconselhado o pai, ele passou a encontrar os espaços que poucos conseguem achar. Em 2009, despontou e em 2010 provou estar no auge como campeão paulista e da Copa do Brasil. Virou ídolo do Santos e também do país. A partir daí, o povo queria ver o Ganso na Copa do Mundo de 2010. Mas mesmo preparado, Ganso acabou ficando fora da lista de Dunga. Mas foi nesse mesmo ano que o Brasil conheceu uma grande amizade e parceria. O sucesso nos gramados tornou Ganso e Neymar melhores amigos e a dupla virou o xodó dos torcedores. Com o companheiro de equipe são só elogios.

- Esse cara é meu irmão, meu irmão mais novo. Ele é um gênio, um craque de bola.

Tudo ia muito bem até o dia 25 de agosto de 2010. Uma ruptura no ligamento do joelho esquerdo manteria o jogador afastado dos gramados. Foram sete meses parado.

- Eu já sabia que tinha rompido o ligamento porque há três anos tinha acontecido a mesma coisa. Isso me deixou muito triste na hora. Eu jamais vou esquecer. Vai sempre passar o filme na minha cabeça.

Enquanto Ganso se recuperava, Neymar brilhava com propostas do Barcelona e Real Madri. O melhor amigo passou a receber um salário superior. Mas na relação entre eles, a inveja não nunca teve espaço.

- Se a gente tem essa amizade hoje é porque é muito verdadeira. E eu falo sempre para ele: Irmão, se você tiver que ganhar muito mais coisas, que você ganhe. Você tem que ser o melhor do mundo. Não tem inveja, nem comparação. Eu amo esse moleque de paixão - disse Ganso.

Aos poucos, Paulo Henrique está voltando a mostrar sua genialidade e precisão em campo. Ele identifica que agora é um bom momento para participar do antigo sonho de representar o país na Copa do Mundo.

- Agora é o momento de poder assumir essa camisa dez e poder mostrar tudo o que eu sei. Espero que o Mano possa me chamar e levantar aquela taça aqui no Brasil. O maior sonho da minha vida é poder conquistar essa Copa ao lado do meu irmãozinho e do nosso craque Neymar - confessou o meia.
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