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Domingo, 04 de agosto de 2024

Notícias | Economia

Na Turquia, Lula critica o FMI e pede mais coragem nos "negócios bilaterais"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira, em Istambul, o FMI (Fundo Monetário Internacional) por tentar marcar as diretrizes da economia de diversas nações e afirmou que o Brasil conseguiu ser independente.


"Não há problema em que o FMI conceda empréstimos, o que não deveria fazer é se intrometer nas políticas internas dos países aos quais empresta", afirmou Lula, durante uma entrevista concedida à rede "NTV" da Turquia, onde se encontra em visita oficial.

O presidente desembarcou na noite de quarta-feira em Istambul, terceira etapa de uma viagem que já o levou a Arábia Saudita e China. Lula vai se reunir na sexta-feira em Ancara com o presidente turco, Abdullah Gul, e outras autoridades, antes de retornar ao Brasil.

Perguntado pela experiência brasileira com o FMI, Lula disse que, quando seu governo decidiu cancelar sua dívida devolvendo os empréstimos concedidos, primeiro se deparou com a incredulidade e certa rejeição da instituição financeira, mas depois o exemplo foi seguido por outros países.

"O Brasil aprendeu a ser um país independente. Não estamos subordinados a nenhum país, nem queremos enfrentamentos, só queremos tratar com os outros Estados de igual para igual", disse o presidente.

Por isso, Lula acrescentou que mantém grandes expectativas no novo presidente americano, Barack Obama, e em que ele seja capaz de mudar a "relação imperial" dos Estados Unidos com a América Latina.

No entanto, o presidente disse que, embora proceda das fileiras ideológicas do socialismo, prefere se definir como um "pragmático", antes de socialista. "Um presidente não pode ser radical, porque deve governar para todos os brasileiros", acrescentou.

Segundo Lula, países como Brasil, Turquia, China e Índia, todos eles membros do G20 (os países mais ricos e os principais emergentes), têm "um grande potencial", mas devem se preocupar com o desenvolvimento social.

Negócios bilaterais

O presidente brasileiro participou hoje de um Fórum Econômico Turquia-Brasil, organizado em Istambul pelo Conselho de Relações Econômicas Exteriores da Turquia (DEIK, em turco).

No evento, Lula defendeu o desenvolvimento das relações comerciais entre os dois países, informou a agência de notícias local Anatolie.

"O volume do comércio bilateral só alcança R$ 1 bilhão. É uma pena (...), deveríamos ter vergonha", disse Lula, primeiro chefe de Estado brasileiro a visitar a Turquia, durante fórum entre empresários dos dois países organizado em Istambul.

"Turquia e Brasil têm um potencial enorme, do qual até agora não usamos nem 10%", afirmou. "A bola está do lado dos empresários turcos e brasileiros."

Lula afirmou que o setor privado desempenhará um papel chave no desenvolvimento da cooperação econômica bilateral e acrescentou que viajou com uma importante delegação de empresários para que "atuem rápido e sejam corajosos".

"Essa viagem foi importante por abrir as portas. Comércio exterior se faz assim, com muita visita, conhecendo um ao outro. Por que não vendíamos carne diretamente para os turcos?", afirmou por sua vez o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. O ministro citou como exemplo o fato de a Turquia comprar carne e frango brasileiros da Síria. O ministro citou como exemplo o fato de a Turquia comprar carne e frango brasileiros da Síria.

O esforço da comitiva brasileira é incrementar o comércio com a Turquia, que ocupa o 51º lugar no ranking dos parceiros comerciais do Brasil, apesar de estar entre as 20 maiores economias do mundo.

Além de ampliar o mercado turco para os produtos brasileiros --especialmente nas áreas de infraestrutura, petróleo, aviões e alimentos-- o governo brasileiro vê o país como uma ponte estratégica para aumentar o comércio com os países ao sul da Rússia, integrantes da antiga União Soviética, como a Ucrânia e o Cazaquistão.
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