No retorno ao trabalho nesta sexta-feira depois de se recuperar dos efeitos da quimioterapia, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) sinalizou que vai alterar o ritmo das atividades para se adequar ao tratamento. Dilma, no entanto, afirmou que apesar do câncer ser uma doença "chatérrima" não vai impedi-la de trabalhar.
Indiretamente, Dilma ainda mandou um recado aos políticos que especulam sobre suas dificuldades para concorrer a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sustentou que não está sentenciada.
Segundo a ministra, as viagens para divulgar o PAC (Programa de Aceleração ao Crescimento), principal programa de investimentos do governo --apontado como o carro-chefe de sua possível campanha-- serão prejudicadas.
"Eu tenho um período que não posso viajar, não por cansaço ou qualquer outra característica, é por que diminui a minha resistência, nesse período vou evitar contato com multidão, mas ele é muito pequeno, são seis dias, agora já identificamos, porque cada pessoa é de um jeito. O meu é do sexto ao 12 dia. Tem gente que fica ruim no primeiro dia, eu fico muito bem", disse.
A ministra criticou as pressões de aliados para que o presidente Lula apresente uma alternativa para a base aliada em 2010, caso a ministra não consiga tocar a campanha.
"Sabe o que é, tem muita espuma nessa história, sempre tem. É uma doença tratável, chatérrima, boa ela não é, mas é tratável, não é uma sentença. Enquanto eu estiver fazendo tratamento de quimioterapia vai acontecer de tudo. Acontece que o tratamento de quimioterapia é tratável. No final de agosto ou início de setembro, acabou", disse.
Dilma teve que ser internada às pressas na madrugada de terça-feira no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, após sentir fortes dores nas pernas. A ministra teve alta na tarde de quarta-feira e ao deixar o hospital se esforçou em mostrar bom humor e reforçar que a situação está controlada.
O ritmo de trabalho da ministra causou polêmica na cena política. Alguns aliados passaram a defender que Dilma se afaste para se dedicar ao tratamento ou que pelo menos cancele compromissos após as sessões de quimioterapia.
Até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou na discussão e disse ontem, em Istambul, na Turquia, que a ministra não deveria parar de trabalhar por causa de seu tratamento contra um câncer no sistema linfático.
"Não sou médico, e quem vai dizer para ela trabalhar ou não é o médico dela. Mas acho que, em caso de doença, quando a gente fica em casa fica mais doente", afirmou.