O usuário do sistema de transporte coletivo de Cuiabá voltará a ter, a partir de meados de julho, a figura do cobrador nos ônibus que circulam na cidade, premiando uma antiga luta da União Cuiabana de Associações de Moradores de Bairros (Ucamb). O presidente da Ucamb, Edio Martins de Souza, observa que a decisão do Poder Judiciário de acolher o pedido liminar em ação civil pública do Ministério Público Estadual (MPE), para que as empresas Pantanal Transporte, Expresso NS Transportes, e Integração Transportes Ltda, não permitam o acúmulo de função dos motoristas dos ônibus coletivo, na cobrança de tarifas dos usuários, por meio de pagamento em dinheiro.

“A decisão saiu do jeito que pedimos, porque as empresas terão que transportar os usuários que não tenham conseguido obter acesso ao cartão eletrônico ou de crédito por ausência de pontos de venda/recarga, podendo, nesses casos, a tarifa ser paga com dinheiro”, comemorou Edio Martins, diante da decisão judicial.

Com a medida, os cobradores voltam a figurar nos coletivos da Capital. Edio Martins cita que a expectativa é de que haja maior conforto e segurança aos passageiros, além de resgatar o posto de trabalho dos cobradores demitidos. “Apesar do discurso oficial de que os profissionais seriam aproveitados em outros setores das empresas, centenas de pais de família ficaram sem emprego, por causa do fim da presença dos cobradores, dentro dos ônibus”, pontua o presidente da Ucamb.

Na ação impetrada pelo MPE, a pedido da UCAMB, também acionada a Associação Mato-grossenses de Transportes Urbanos (MTU), que,com a decisão, terá que ampliar, em no mínimo cinco vezes, o número atual de pontos de venda e recarga do cartão eletrônico ao portador, em locais fixos de todos os bairros da Capital. “É um absurdo forçar o motorista a cobrar a dirigir, ficar atento ao trânsito, cobrar a passagem e zelar pela segurança de todos”, critica Martins de Souza.

As empresas têm 15 dias para adequar toda a frota de ônibus convencionais ao sistema de cartão eletrônico, para garantir a segurança no embarque e desembarque do coletivo e que o motorista cumpra função exclusiva de dirigir o veículo. Edio Martins elogiou o promotor de justiça Ezequiel Borges, porque “o Ministério Público não requereu a contratação de cobradores, porém, as empresas devem disponibilizar pessoa credenciada para recebimento da tarifa paga em dinheiro, desde que não seja o motorista do ônibus”.

Em Cuiabá, já existem 121 ônibus do sistema coletivo transportando passageiros sem cobradores, em que os motoristas assumem a função de dirigir, receber o dinheiro, efetuar troco e liberar a catraca. Até o final do mês, toda frota deverá funcionar sem cobradores, no entanto o número de pontos de recarga de cartões ainda é reduzido. Enquanto na capital mato-grossense há apenas 175 locais de recarga, em Campo Grande existem 900 pontos.