Vasco e Fluminense fizeram um clássico equilibrado e com dois tempos completamente distintos. No primeiro, as duas equipes pecaram pelo excesso de cuidado e a falta de ousadia. O jogo foi amarrado e sonolento. Na etapa complementar, vascaínos e tricolores voltaram do vestiário com outro espírito.

E aí fizeram uma partida empolgante, com lances de perigo para os dois lados e momentos de rara beleza, como o golaço de Thiago Neves, de voleio, e o quase golaço de Tenorio, que cabeceou na trave depois de dar um chapéu no goleiro Diego Cavallieri. No placar, melhor para o Flu, que tinha Thiago Neves em noite de pontaria afiada.

Aos 41, ele cobrou uma falta no bico da área com maestria e decretou a vitória por 2 a 1. Gum, contra, fez o gol do Vasco.
- Venho treinando bem, me empenhando. Em clássico eu sempre me apresento bem, tenho sorte. Foi uma vitória importante porque abrimos sobre o Vasco e vamos tentando encostar no Atlético-MG, em busca da liderança - comemorou Thiago Neves. - Venho batendo bastante falta, fui feliz e o importante é que deu a vitória ao Fluminense - completou.

Os vascaínos reclamaram de um pênalti não marcado pelo árbitro Marcelo de Lima Henrique, em que Carlinhos tocou o braço esquerdo na bola, e de um lance de falta em William Barbio que originou o contra-ataque e o primeiro gol tricolor.
- A gente sabe que o Fluminense é uma boa equipe, que dá para ganhar qualquer jogo. Com erro de arbitragem fica mais fácil para eles - protestou Alecsandro, esquecendo-se, porém, de um outro erro da arbitragem que favoreceu o Vasco na jogada em que Tenorio, impedido, quase marcou um golaço.

Segundo tempo eletrizante

No primeiro tempo muito concentrado no meio e com poucas finalizações, o melhor momento do Vasco aconteceu aos 24 minutos, quando William Barbio fez boa jogada e tocou para Alecsandro na área, mas o zagueiro Gum chegou junto na hora do chute, e a bola saiu a escanteio. Já o Fluminense teve sua principal chance pouco antes, no gol de Fred, de cabeça, anulado pelo ábitro Marcelo de Lima Henrique, que percebeu falta do atacante tricolor no zagueiro Douglas no momento em que a bola era cruzada na área pelo lateral Carlinhos. A falta de fato existiu e o gol foi bem anulado.

Após o intervalo, logo aos 4 minutos, Alecsandro quase marcou de calcanhar, num rebote de chute de William Barbio dentro da área. O lateral tricolor Bruno se atirou sobre a linha e evitou o gol do Vasco. Aos 6, o Fluminense respondeu com um contra-ataque veloz, em ótimo passe de Nem para Wágner, que disparou pela esquerda mas na hora do cruzamento para a área bateu muito para trás e a zaga afastou. Aos 7, Thiago Neves recebeu dentro da área e chutou, mas de direita, a perna que não é tão boa. Fernando Prass defendeu em dois tempos.

O Vasco seguia tendo mais a posse da bola, mas o Fluminense se mostrava bem mais perigoso. Aos 12, Nem foi mais rápido e mais esperto do que Auremir e ganhou a jogada pela esquerda. Ele cruzou para Thiago Neves, que soltou uma bomba, desta vez de canhota, para ótima defesa de Prass.

Aos 17, a primeira mexida: Cristóvão Borges tirou Carlos Alberto e colocou o equatoriano Tenorio. A intenção era dar mais presença de área ao Vasco. Logo depois, aos 20, Barbio, cansado, deu lugar a Fellipe Bastos. O técnico Abel Braga, do Fluminense, respondeu com a troca de Wellington Nem, que voltava após 20 dias de inatividade, devido a lesão, por Rafael Sóbis.

O clima esquentou aos 23, num lance entre William Matheus e Thiago Neves, na área do Fluminense. O lateral vascaíno caiu e o meia tricolor entendeu que houve simulação. Com William Matheus no chão, Thiago Neves deu um tapa na cabeça do adversário. Matheus se levantou, o encarou e levou uma cabeçada. Aí, se atirou teatralmente no chão. O saldo foi uma pequena confusão e cartões amarelos para os dois.

Aos 25, os jogadores do Vasco reclamaram de pênalti. Após um cruzamento pela direita, o lateral tricolor Carlinhos tentou dominar no peito, mas abriu demais os braços e tocou na bola com o esquerdo. Marcelo de Lima Henrique não marcou o toque.

Fim de jogo bastante tenso

O placar do jogo foi aberto aos 26. No ataque do Vasco, Fellipe Bastos e Wendel ficaram pedindo falta e pararam na jogada. O Fluminense puxou um contra-ataque de muita velocidade, que terminou em cruzamento de Wágner do lado esquerdo para uma linda conclusão de Thiago Neves, de voleio, para o fundo da rede: Flu 1 a 0.

O Vasco empatou no minuto seguinte. Juninho desceu pela direita e cruzou no primeiro pau, para Alecsandro. O zagueiro Gum tentou cortar e empurrou para o próprio gol, de carrinho: 1 a 1. O time se animou e tentou outras descidas perigosas. O Fluminense respondeu com uma cabeçada de Fred, aos 34, para fora. Aos 35, Tenorio, em impedimento que o árbitro não deu, quase marcou um golaço. Ele recebeu de William Matheus, matou no peito, deu um chapéu no goleiro Diego Cavallieri e cabeceou para o gol, mas a bola caprichosamente bateu no travessão.

Aos 40, Rafael Sóbis conseguiu o lance crucial do jogo. Ele tentou driblar o zagueiro Douglas no bico da área vascaína, e foi derrubado. Falta bem marcada. Thiago Neves cobrou colocando a bola por fora da barreira, ajudado pelo volante Edinho, que conseguiu empurrar os jogadores do Vasco e abrir a brecha para a bola passar. O goleiro Fernando Prass ficou sem reação, e apenas assistiu à bola entrar em seu canto direito.

Com a nova desvantagem no placar, o Vasco tentou partir para cima, mas muito mais no coração do que na organização. E não chegou a ameaçar a vitória tricolor. No fim do jogo, muito festa da torcida do Fluminense, que ganha três pontos importantíssimos em sua perseguição ao líder Atlético-MG.