Em decisão polêmica, um juíza da alta corte de Londres determinou que alimentação à força não estaria de acordo com os melhores interesses de uma mulher anoréxica à beira da morte.
A magistrada Eleanor King tomou uma decisão favorável ao Sistema de Saúde britânico (NHS, na sigla em inglês), ao permitir que médicos "não provenham nutrição e hidratação" se a paciente não concordar.
A decisão determinou que medidas cabíveis devem ser tomadas para ganhar a cooperação da paciente com anorexia, mas sem o uso da força.
Por razões legais, o nome da paciente não foi divulgado, mas ela foi denominada "L" durante o julgamento.
20 quilos
Apresentada como "altamente inteligente", L tem 29 anos, pesa 20 quilos, nasceu no norte da Inglaterra e sofre de anorexia nervosa desde os 12 anos. Dos 14 anos até agora, tem passado quase toda a vida internada em clínicas.
A anorexia cria o medo de ingerir calorias, fazendo com que a pessoa pare de comer.
"Chegou um ponto em que o sistema de saúde, que cuida da parte física dela, passou a acreditar que alimentação à força não é o melhor, apesar de que, se não for alimentada, ela provavelmente morrerá", disse a representante legal do sistema de saúde britânico, Bridget Dolan.
De acordo com Dolan, L não expressa desejo de morrer e essa não seria parte da sua motivação para não comer ou se hidratar. Ao mesmo tempo, a anorexia não lhe permite comer.
L concordou em ser alimentada com 600 calorias por dia por um tubo, mas isso seria insuficiente para ela manter o peso atual.
"Até certo ponto, ela superou as expectativas ao conseguir viver com um peso tão baixo", disse Dolan.
Batalha 'perdida'
Baseada nessas evidências, a juíza King declarou que "essa não é uma batalha que (L) irá vencer".
King chamou os pais de L de "extremamente valentes" e disse à família: "A tarefa agora é fazer destas últimas semanas as mais confortáveis possíveis, para que vocês tenham a maior quantidade possível de tempo juntos".
Em junho, um juiz da alta corte havia decidido que uma mulher do País de Gales com anorexia severa fosse alimentada à força.
Nesse caso, porém, a mulher queria ter o direito de morrer, e o juiz argumentou que ela era incapaz de tomar decisões.