O calote de R$ 1,5 milhão da Secretaria Estadual de Saúde (SES) à empresa Grifort Indústria Serviço de Apoio e Assistência à Saúde, responsável pela lavanderia e procedimentos de pacotes cirúrgicos esterilizados do Hospital de Sorriso, já virou caso de polícia.

O funcionário da Grifort Gilmar Araújo foi preso acusado de roubo e desobediência. A Polícia foi acionada porque Araújo estava retirando os materiais da empresa do Hospital Regional de Sorriso e foi impedido. A direção do hospital afirmou que Araújo não tinha autorização para levar nada da unidade. Os produtos, no entanto, são da Grifort e não do hospital e ele estava cumprindo ordens da empresa.

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De acordo com informações da Polícia Militar de Sorriso, Gilmar alegou que estava apenas cumprindo ordens. Os materiais estavam sendo retirados do Hospital de Sorriso porque a Grifort não está mais prestando serviço ao Estado devido a uma dívida que ultrapassa R$ 1,5 milhão.

O assessor jurídico da empresa, advogado Victor Humberto Maizman, informa que o funcionário da Grifort Gilmar Araújo foi algemado pela polícia após a viatura chegar ao local e ficou detido no hospital, o que, segundo ele, caracterizaria cárcere privado.

A assessoria da Grifort afirma que foi o diretor do hospital quem deu voz de prisão e os policiais acataram. O próprio funcionário havia chamado a polícia para resolver a retenção do caminhão e acabou preso.

A retenção

A direção da unidade hospitalar fez retenção e apropriação indevida de roupas e do caminhão da empresa por volta de 15h40, informa o assessor jurídico da Grifort. O Estado já havia sido notificado com 48 horas de antecedência de que a empresa não prestaria mais serviço por falta de pagamento.

Toda a operação onde a empresa atua tem almoxarifado para estoque de hotelaria hospitalar. Periodicamente, é feito o recolhimento das roupas. Os coletadores passam nas unidades clínicas, e retiram os materiais para eles serem lavados e higienizados.

O assessor jurídico informa que a roupa, o maquinário utilizado, o carro de coleta, a máquina esterilizadora pertencem à empresa.

A paralisação

Além do Hospital Regional de Sorriso, o de Colíder também não faz mais cirurgias por falta de pacotes cirurgicos esterilizados para as operações. O hospital Regional de Colíder realiza cerca de 10 procedimentos cirúrgicos diariamente, enquanto a média da unidade de Sorriso orbita de 15 a 20 cirurgias diárias, de acordo com relato de fontes dos dois hospitais.

Além dos Hospitais Regionais de Sorriso e Colíder, a empresa é contratada pelo Estado para efetivar a locação, fornecimento, reposição, desinfecção e higienização de hotelaria hospitalar e cirúrgica, bem como, esterilização da hotelaria cirúrgica com gerenciamento e operacionalização da atividade no Complexo CIAPS Adauto Botelho (CIAPS, Lar Doce Lar, Unidade III, CAPS AD, CAPS Infantil, Unidade II), bem como, as Unidades descentralizadas, sendo: MT Hemocentro, CEOPE, CERMAC e CRIDAC em Cuiabá e Várzea Grande.

Governo do Estado

Por meio da assessoria, a direção da Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que "a SES passou a dialogar com a empresa ontem, tem algumas pendências jurídicas e caso a empresa não aceite as condições, pois tem questões jurídicas e contratuais, a secretaria vai tomar decisões cabíveis e não haverá descontinuidade dos serviços". A assessoria informou que "existe a pendência financeira", mas que não entraria no mérito dela.

A reportagem tentou contato com o secretário de Saúde, mas o telefone dele estava fora da área de cobertura ou desligado.



Atualizada 17h08. Segunda Atualização às 18h11