O treinador Muricy Ramalho tem fama de ser um comandante rígido e de não tolerar indisciplina. Mas, no caso de Borges, que questionou publicamente a sua barração na partida de quarta contra o Cruzeiro e gerou um mal-estar no clube, a situação deve acabar em pizza.

Ontem, ao ser questionado se a atitude do atleta não foi um desrespeito a quem entrou como titular no ataque, Muricy adotou um tom conciliatório.

"Se eu vejo alguma maldade, o cara nem se concentra. Mas ele disse que respeita a diretoria, respeita os colegas, respeita todo mundo. É o que importa", comentou Muricy, que justificou também a ausência do atacante da partida em Belo Horizonte pela Taça Libertadores.

"O Borges seria titular no clássico contra o Palmeiras, mas pediu para não jogar porque estava com dor de cabeça [havia se contundido no empate contra o Atlético-PR]. Acontece que o Dagoberto e o Washington foram muito bem na partida. E começaram jogando contra o Cruzeiro."

Muricy, no entanto, não quis antecipar a escalação de Borges como titular no confronto de domingo, no Morumbi, de novo contra o Cruzeiro, agora pelo Brasileiro. "Isso não vou falar."

Na defensiva diante do momento conturbado que vive o São Paulo, o treinador falou que conhece muito o clube para se sentir melindrado.

"O que uso num momento como esse é a experiência de continuar trabalhando e não desistir. Não desisti desse time e quero dizer que estamos muito vivos", falou o treinador, sobre a pressão nos bastidores em cima dos últimos resultados do clube nesta temporada --a última vitória foi em 22 de abril.

As declarações de Borges também foram repercutidas no elenco. Para Miranda, o momento é de esquecer o episódio.

"Acho que foi mais um desabafo dele. O Borges é um grande jogador e importante para o grupo", comentou o zagueiro, que joga domingo e na segunda se integra à seleção brasileira para disputar dois jogos pelas eliminatórias da Copa-2010 (contra Uruguai e Paraguai) e a Copa das Confederações.