Agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal realizaram ontem (13) frente à sede da PF em Rondonópolis, um ato público com objetivo de chamar a atenção da sociedade para o sucateamento pelo qual atravessa o órgão. Há mais de um mês os policiais estão em greve.

O ato teve início com execução do Hino Nacional Brasileiro. Houve entrega simbólica das armas e identificações funcionais dos policiais de Rondonópolis e queima de cópia dos diplomas de nível superior, além de distribuição de panfletos à população.

A postura intransigente do governo, com quem se negocia há mais de 900 dias a remodelação da carreira e a reestruturação da tabela salarial, levou 95% da categoria a ficar de braços cruzados na cidade. A adesão ao movimento foi massiva principalmente devido ao fato de o Judiciário reconhecer a greve como legítima, já que o executivo federal submete os policiais a sete anos de arrocho salarial, sem ao menos reposição inflacionária.

A principal reivindicação é a reestruturação salarial, já que os cargos de agente, escrivão e papiloscopista da PF – apesar de exigirem para ingresso nível superior, bem como possuírem atribuições de planejamento, coordenação e inteligência –, recebem como nível médio.

Como resultado, diante da falta de reconhecimento e normatização das atribuições de nível superior, a Polícia Federal perde cerca de 200 profissionais treinados por ano, seja por desmotivação com o cargo, seja por obterem aprovação em outra carreira, com salário mais elevado, mas responsabilidades e atribuições tão complexas e não reconhecidas quanto as de agente, escrivão ou papiloscopista da Federal.

A fim de não prejudicar a sociedade, o serviço de emissão de passaportes da Delegacia de Polícia Federal em Rondonópolis está funcionando normalmente. Além disso, numa demonstração de razoabilidade, apesar da greve, a PF se comprometeu com o TSE a realizar as atividades de polícia relativas às eleições de outubro.