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Sábado, 20 de julho de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Especialistas explicam como a esquizofrenia afeta o paciente

O caso de um homem de 33 anos que feriu três pessoas a tiros na Aclimação, em São Paulo, nesta quinta-feira (18), suscitou debates sobre a esquizofrenia. Segundo a família do homem, ele possui a doença, atestada por laudos médicos. Os parentes dizem haver entrado recentemente com pedido de interdição do rapaz como medida para protegê-lo.


A esquizofrenia é um distúrbio crônico que atinge o cérebro, causando alucinações e delírios. Há remédios eficazes para controlar as crises, afirmam os médicos, mas eles precisam ser tomados com frequência para evitar que o paciente tenha surtos e eles se agravem.

A doença atinge partes neurológicas muito sofisticadas, segundo o psiquiatra e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Rodrigo Bressan. "É como qualquer outra doença, só que ela afeta o cérebro. E afeta partes que estão ligadas a formas de como a gente entende o mundo", afirma.

Além dos sintomas de delírio, o paciente pode ter a sensação de que uma voz está mandando que ele faça algo. "Ele [o doente] perde a sua capacidade de ir e vir", diz o professor Bressan.

Os remédios usados para controlar a esquizofrenia são conhecidos como antipsicóticos. A doença tem semelhança com outros distúrbios crônicos, como diabetes, no que diz respeito aos cuidados, aponta o especialista. "Se você tomar um remédio regularmente, você não vai ter um aumento de glicemia e não vai ter as consequências ruins do diabetes. É a mesma coisa com a esquizofrenia", diz Bressan.

Como identificar
Há formas de identificar a esquizofrenia, segundo o psiquiatra forense Daniel Barros. "Às vezes a pessoa é um pouco mais reservada, uma pessoa que tem dificuldade de se socializar, dificuldade de fazer amigos", diz ele. Outros sintomas da esquizofrenia relatados pelo psiquiatra são excesso de fantasias e comportamentos exóticos. "Isso não é a regra", ressalta Barros. "São tipos de comportamento que deixam em alerta, merecem uma investigação."

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 1% da população mundial tem esquizofrenia. A doença tem origem genética, de acordo com Barros, mas não é apenas este o fator que a desencadeia. "Provavelmente é uma soma de fatores. Só o componente genético não basta para desenvolver a doença", diz o psiquiatra.

A medicação, segundo o professor da Unifesp, bloqueia o excesso de dopamina no cérebro, neurotransmissor que é produzido de forma desequilibrada pelo organismo do esquizofrênico e leva à doença.

Superação
Um exemplo de superação é Jorge Candido, um homem de 48 anos que há 28 descobriu que tinha esquizofrenia. Quando sofreu a primeira crise, ele tentou o suicídio. Mas aprendeu a controlar a doença e hoje participa de congressos e dá palestras sobre o distúrbio.

“O curso da doença é com crises agudas, que a gente chama de surto. Delírio, alucinação, desorganização do pensamento, depressão ficam muito exacerbados, modificam muito o comportamento da pessoa”, explica Candido.

Entenda o caso
Segundo a família do administrador de empresas Fernando Gouveia, que feriu três pessoas a tiros, nesta quinta-feira (18), em São Paulo, ele possui esquizofrenia. A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) informou que, como o processo de interdição pertence à Vara da Família, ele corre sob segredo.

Gouveia tem problemas mentais e reagiu, , nesta quinta-feira (18), à abordagem de uma equipe que tinha ordem judicial para interná-lo. Após prestar depoimento no 6º Distrito Policial, no Cambuci, ele passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal e foi levado para o 31º DP, no Carrão, na Zona Leste, onde ficará até a Justiça decidir onde ele deverá ficar detido.

Nesta sexta-feira (19), o administrador disse ter agido em legítima defesa. Segundo ele, o oficial de Justiça e os enfermeiros que foram baleados tentaram invadir a casa onde ele estava.

"[Foi em] legítima defesa. Eles entraram na casa sem se identificar como oficial de Justiça, entraram como serviço de manutenção e agrediram a Silvia, que é a pessoa que estava na casa”, contou à equipe de reportagem Bom Dia São Paulo desta sexta-feira (19).

O administrador irá responder por seis tentativas de homicídio, já que atirou contra o oficial de Justiça, contra um enfermeiro e contra três policiais militares, além de atingir a psicóloga Silvia Helena Gondim, de 45 anos, com quem tem um relacionamento há dois anos.

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