Depois de sobreviver a uma tentativa de homicídio supostamente encomendada pelo próprio pai, Jassan Thiago Rosa Jorge, 33 anos, está desaparecido. Ele é uma das testemunhas do julgamento de Silas Caetano de Farias, acusado de mandar matar três dos quatro filhos.

Jassan está sumido desde 11 de setembro deste ano, mas o boletim de ocorrência só foi registrado pela mãe dele, Dirce Rosa Jorge, 54, depois de 15 dias. Faltando cinco dias para completar dois meses do desaparecimento, a mãe revela que a polícia vai rastrear as últimas ligações do filho.

Desde que sumiu sem deixar pistas, Jassan não entra em contato com a mãe. Ela diz que tenta ligar no número de celular dele, mas nunca teve resposta. “Ele não ficaria todo esse tempo sem me ligar”, desabafa a mãe com a voz trêmula. 

 Pai acusado de mandar matar os próprio filhos vai a júri popular

Dirce alega não poder afirmar que o sumiço do filho esteja relacionado ao fato dele ser uma das testemunhas do julgamento do próprio pai, que será realizado dia 30 deste mês, em Cuiabá. “Eu estaria julgando, mas ao mesmo tempo tenho medo”.

Jassan começou a apresentar um comportamento diferente depois que visitou Silas no presídio, onde aguarda pelo júri popular. “Desde então ele não foi mais o mesmo. Ele até parecia estar com síndrome do pânico”, detalha Dirce, que não perde a esperança de ter notícias do filho.

Sem explicar para a mãe, o sobrevivente da tentativa de assassinato a suposto mando do próprio pai queria deixar Cuiabá. Mas sozinho ele não queria ir e implorava para a mãe ir junto. Ela não foi, pois não pudia abandonar o serviço. 
 
“Ele não explicava o motivo, mas tudo começou depois dele visitar Silas no presídio. Não posso acusar ninguém, mas parecia que ele estava sendo ameaçado de morte”. Como mãe, ela insistia para que o filho contasse o que estava acontecendo, mas foi em vão, ele sempre conseguia fugir do assunto.

No dia 11 de setembro deste ano, a última vez que a mãe conversou com o filho, Jassan estava transtornado. Com um raio-X ele dizia que tinham colocado algo em sua cabeça. “Eu não via nada, mas ele insistia em dizer que tinham colocado coisas na cabeça dele”.

Com o coração apertado, Dirce pede para quem tiver notícias ou souber do paradeiro de Jassan entrar em contato com a polícia. “Só quero encontrar meu filho”, implora, ainda sem perder a voz de choro.

Júri popular

De acordo com denúncia do Ministério Público, Marcelo Dias dos Santos, um dos filhos do acusado, estava em frente ao seu lava-jato falando ao celular quando foi alvejado por diversos disparos de arma de fogo. O crime aconteceu em março de 2004 e os tiros foram efetuados por um pistoleiro, supostamente contratado por Silas Caetano de Farias.

O filho do suposto mandante foi atingido no tórax, mas não morreu instantaneamente e pediu ajuda à sua companheira, que estava na casa que fica em frente ao estabelecimento comercial. Em seguida, o pistoleiro se aproximou e efetuou mais um tiro, dessa vez na cabeça.

Na denúncia, o MP reforça que o crime foi praticado por motivo torpe e utilizando-se de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Consta dos autos que o denunciado culpava o filho por um assalto que teria sofrido quando saía de casa para depositar R$ 20 mil.

O pai da vítima, de acordo com informações da assessoria de imprensa, ameaçava o filho de morte. O denunciado é autor de outros homicídios, ainda de acordo com o Ministério Público. As vitimas, que também eram filhos do acusado, foram mortas porque sabiam dos negócios escusos feitos pelo denunciado.

Os outros filhos também sabiam que a morte de Marcelo foi encomendada por seu pai. O crime apurado nestes autos só foi esclarecido porque Jassan Thiago Rosa Jorge sobreviveu a sete tiros. Ele relatou todos os crimes praticados pelo pai.


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