Em seu discurso de encerramento na Conferência do Clima, realizada em Doha, no Qatar, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que o resultado alcançado – a extensão da validade do Protocolo de Kyoto até 2020, mas com a retirada de Canadá, Japão, Nova Zelândia e Rússia – ficou aquém do que o Brasil desejava.

“Não estamos totalmente satisfeitos com os resultados alcançados. Queremos mais. Acreditamos que é necessário mais”, afirmou a ministra.

O acordo é o único instrumento da ONU para obrigar os países industrializados a reduzirem as emissões de gases ligados ao efeito estufa. Para a ministra, no entanto, seu significado vai além do que está no papel.

“O Protocolo de Kyoto é mais que um documento. Ele expressa a convicção de que a mudança do clima demanda uma abordagem multilateral baseada em regras”, definiu Izabella Teixeira.

O Protocolo de Kyoto lista 41 países desenvolvidos que deveriam cumprir metas de reduções nas emissões de gases – são os chamados países do Anexo I. Os EUA, que fazem parte do grupo, nunca ratificaram o acordo assinado em 1997, então nunca tiveram que cumprir essas metas. Como Canadá, Japão, Nova Zelândia e Rússia não concordaram com a extensão do documento, deixam de segui-lo a partir de 2013.

Dessa forma, o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 países: Austrália, Noruega, Suíça, Ucrânia e todos os integrantes da União Europeia. Juntos, eles respondem por apenas cerca de 15% do total de emissões de gases estufa de todo o mundo. A partir de 2020, deve passar a valer um novo acordo, que ainda será elaborado, e estabelecerá metas também para os países em desenvolvimento, como Brasil, China e Índia.

“Infelizmente, devemos mencionar que as partes do Anexo I estão se afastando gradualmente de suas obrigações no âmbito da convenção. Não estão assumindo a liderança”, lamentou a ministra, que descreveu essa situação como “inaceitável”.