Cientistas americanos inventaram um método de produzir em laboratório compostos naturais conhecidos como esteroides poliidroxilados, para uso em medicamentos contra insuficiência cardíaca e outras drogas.
Até então, essas substâncias se mostravam muito difíceis de ser fabricadas sinteticamente em larga escala, e só eram obtidas de animais ou plantas.
A descoberta do Instituto de Pesquisa Scripps, na Califórnia, está publicada na edição desta sexta-feira (4) da revista "Science".
A equipe transformou um esteroide comum e barato, chamado acetato de cortisona, em um composto conhecido como ouabagenina, um "primo" químico da ouabaína – com a qual tribos da Somália produzem um potente veneno para ser aplicado na ponta de flechas. Posteriormente, essa substância começou a ser usada no tratamento de insuficiência cardíaca.
O grupo, liderado pelo professor Phil S. Baran, foi incentivado por um pedido da farmacêutica dinamarquesa Leo Pharma, que está à procura de uma forma eficaz de produzir esteroides bioativos complexos.
As moléculas de ouabagenina têm um alto nível de oxidação, o que as torna difíceis de ser sintetizadas e modificadas com métodos simples. Com a nossa estratégia, porém, foi possível fazer alterações, ainda que pequenas, em qualquer parte dessas moléculas. Isso poderia ajudar os remédios a se tornarem menos perigosos mesmo em altas doses.
Além disso, o composto se mostrou capaz de perfurar materiais inorgânicos resistentes, como o vidro, principalmente em pequena escala.
Em 2009, o instituto americano relatou na revista "Nature" uma forma de sintetizar produtos de origem vegetal chamados terpenos. Como os esteroides são uma subcategoria da família dos terpenos, os cientistas acreditam que a ouabagenina se aplique nessa técnica. Em 2008, outra equipe conseguiu completar a síntese desse composto, mas precisou de 41 passos para isso – contra 21 desta vez.