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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Uso da camisinha no carnaval protege contra infecção que causa infertilidade

No período do carnaval as pessoas não devem prescindir do uso da camisinha para se proteger de doenças como a clamídia. Desconhecida do grande público, a doença sexualmente transmissível é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa evitável da infertilidade de homens e mulheres, em todo o mundo. Segundo o presidente regional da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica do Rio de Janeiro, Hélio Magarinos Torres Filho, a doença afeta principalmente as mulheres.


De acordo com a OMS, ocorrem 92 milhões de novos casos da infecção a cada ano. A preocupação, acentuou, é que essa doença acomete mais a população jovem. No Brasil, cerca de 10% das jovens na faixa de 15 anos a 24 anos, atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), são identificadas com a doença, de acordo com estudo elaborado em 2011 pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. “Como é uma doença sexualmente transmissível, [a clamídia ataca mais as pessoas que têm] múltiplos parceiros. Por isso, acomete pessoas mais jovens”, disse Magarinos.

Especialista em reprodução humana pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e membro da Rede Latino-americana de Reprodução Assistida (Redlara), Márcio Coslovsky explicou que a clamídia é um micro-organismo, transmissor de uma bactéria que acomete casais em plena atividade sexual. É uma infecção sem aparência nas meninas. “Não aparece no preventivo, no exame de sangue comum. Não dá ardência, não dá mau cheiro nem dá secreção vaginal exagerada. A pessoa simplesmente não sabe que tem [a doença]”, disse.

Hélio Magarinos confirmou que a infecção é pior na mulher porque vem, em geral, sem sintomas. “Na mulher, preocupa um pouco mais por causa disso”. Ele advertiu, contudo, que a clamídia só vai causar infertilidade depois de um tempo de infecção. “Ela começa a sair do útero e vai para as trompas [onde pode causar danos por obstrução ou aderência]. Isso é que pode causar infertilidade na mulher”. A clamídia é causada pela bactéria 'Chlamydia trachomatis'.

Segundo a OMS, a doença responde por 25% das causas de infertilidade, sendo 15% nas mulheres e 10% nos homens. Márcio Coslovsky explica que a doença só é descoberta “anos depois, quando [o casal vai] tentar a gravidez e não consegue”. O tratamento é feito com antibióticos e pode reverter a infertilidade se o diagnóstico é feito em tempo hábil.

Magarinos informou que há dois tipos de exames para detectar a clamídia: a pesquisa de anticorpos no sangue, e o de secreções genitais, que é feito por biologia molecular na uretra, no homem, e no colo uterino, na mulher. O exame de secreções captura fragmentos do DNA da clamídia nas amostras.

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, cerca de 2,8 milhões de americanos estão infectados com clamídia e não sabem. Márcio Coslovsky estimou que no Brasil o número pode ser a metade disso, tomando por base a população de jovens na faixa dos 17 aos 26 anos, com vida sexual ativa. Não há números catalogados, entretanto, frisou.

Ele recomendou que o exame para detecção de clamídia deve ser feito duas vezes por ano, especialmente por mulheres e homens jovens, com vida sexual ativa. “Já faria muita diferença”. A precaução, insistiu, continua sendo o uso de camisinha, ainda mais nessa época do carnaval.
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