O registro do linchamento de um estuprador feito em 2011 está sendo confundido com a tortura que quatro pessoas fizeram contra José Maria de Lima, de 34 anos, em janeiro de 2013, no município de Santo Antônio do Leverger.

Mulher teria servido de isca para atrair homem que foi morto brutalmente em MT
Espancado e queimado morre após 24 dias internado no PS de Cuiabá

A confusão nasceu na internet e se espalhou rapidamente pelas redes sociais. A polícia garante que as imagens não correspondem à violência praticada contra Lima, que não resistiu aos ferimentos e morreu na quinta-feira (21), 24 dias após a agressão.

Trecho da filmagem chegou a ser veículado neste sábado (23), no programa Cadeia Neles, apresentado pelo deputado estadual Walter Rabello (PSD). As imagens são fortes e mostram um homem com as vestimentas rasgadas, aparentemente sem as calças, sendo arrastado vivo. Ele está com o rosto bastante machucado e pede clemência. Após ser alvejada com alguns tiros, a vítima é incendiada viva. As imagens são datadas de 2011.

Ao mostrar as imagens, Rabello pediu atenção das autoridades e declarou que se a vítima fosse parente de algum deputado federal, senador ou da própria presidente da república, as leis no país seriam mudadas. O momento em que o corpo é incendiado não foi mostrado em respeito à família, segundo justificou o parlamentar.

Quatro pessoas estão presas pelo crime ocorrido em Santo Antônio. Na cena ‘falsa’, pelo menos seis pessoas podem ser vistas transitando entre a cena do assassinato.

Requintes de crueldade

A confusão nasceu porque ambos os assassinatos aconteceram com algumas semelhanças. As duas vítimas foram espancas de incendiadas. A investigadora da Polícia Civil do Município de Santo Antônio de Leverger Maria Heloiza dos Santos apontou ao Olhar Direto os indícios de que aquelas imagens não correspondem ao crime. As cenas são feitas à luz do dia, e José Maria de Lima sofreu o atentado durante a noite.

Além do mais, a vítima não foi incendiada logo após o espancamento. Ele foi atraído por uma mulher enquanto estava em um posto de gasolina. A suspeita teria falado à vítima que faria a aproximação dele com uma irmã sua. Lima foi levado para o local do crime, atrás de um hospital, no bairro da Laje, e começou a ser espancado por três rapazes. Teve os dedos queimados por cigarros e parte do corpo incendiada.

Cerca de 20 dias após o atentado, a vítima morreu. Em depoimento à polícia, os suspeitos confirmaram o crime, mas não justificaram a motivação do mesmo. De acordo com o relato dos suspeitos, que estão presos, a ação foi uma “coisa de momento”.