Uma comerciante de Araraquara (SP) está há oito anos na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar uma cirurgia bariátrica. “Eu tenho 32 encaminhamentos para Ribeirão Preto, mas o que acontece é o que todo mundo me enrola, cada hora me mandam para um lugar e não decidem”, reclamou Danusa Vieira.
A comerciante afirma que já fez várias vezes os exames necessários, participou dos grupos de apoio, mas não consegue encaminhamento para o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.
Com 29 anos e pesando 144 quilos, 70 acima do ideal, Danusa sofre com pressão alta, diabetes, além de ter dificuldades para fazer atividades do dia a dia. “Tenho dificuldade de andar, tomar banho. A solução é a cirurgia bariátrica”, afirmou.
Segundo a assessoria da Secretária de Saúde de Araraquara, a comerciante passará por novos exames e procedimentos, que serão avaliados até o dia 15 de abril, para que o encaminhamento para a cirurgia seja feito.Há seis meses, a podóloga Rosália Pimentel também sofria com a obesidade e os consequentes problemas de saúde. “Eu fiz todos os regimes possíveis, eu tentei demais, mas depois que a obesidade ficou mórbida é difícil, então resolvi fazer a cirurgia”, contou Rosália, que fez cirurgia em um hospital particular.
Para a podóloga, o procedimento trouxe vários benefícios. “Agora minha vida está maravilhosa. A qualidade de vida é outra, você se sente muito melhor, minha autoestima voltou”, declarou.
Recomendações
Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) apontam que o número de operações aumentou 90% nos últimos cinco anos no país. Segundo o gastrocirurgião Mateus Alves, a cirurgia bariátrica só é feita se o paciente não conseguir emagrecer por outros meios.
“O índice de massa corpórea tem que ser acima de 40 ou acima de 35, quando o paciente tem alguma doença associada, como diabetes, hipertensão e colesterol alto”, explicou.
Alves disse ainda que a cirurgia não é isenta de riscos. “Tardiamente o paciente pode sofrer com problemas de desnutrição e pode ter hérnia na ferida da cirurgia”.
A idade mínima admitida pelo SUS pra esse tipo de procedimento é de 16 anos, o que já é um alerta para os maus hábitos alimentares e de vida, além de indicar o crescimento da população obesa.
“Mais ou menos 16% da população brasileira sofre com problemas relacionados à obesidade, mas esse número é ainda maior na população jovem. Devemos prevenir a obesidade, evitar que esse jovem tenha um ganho de peso pra evitar que precise ser feita uma cirurgia para resolver esse problema”, orientou o gastrocirurgião.