A Polícia Judiciária Civil instaurou inquérito investigativo para apurar a atuação da Polícia Militar contra os estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso no último dia 6 de março. Caiubi Huhn, mestrando em geociência que no dia da manifestação foi atingido por mais de 20 disparos de projéteis de arma de fogo no tórax, foi o primeiro a ser ouvido no Cisc Planalto.
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A conduta dos policias da Rotam fez com que os estudantes abrissem um processo contra o Estado e as investigações estão sendo feitas pela Corregedoria da Polícia Militar e Polícia Civil. Após sair da sala de depoimentos, Caiubi contou que o principal ponto dessas investigações é diante a “ação brutal”.
“Nós estávamos reivindicando. Será que no Brasil não podemos fazer nem isso. Estávamos lutando por nossos direitos e melhorias de algo que nós utilizamos. O que mais faz nós tomarmos essa atitude é o abuso de poder que foi feito naquele dia”, disse o estudante.
Ainda com marcas pelo corpo dos estilhaços disparados pelos PMs durante a manifestação, Caiubi chegou a chorar pensando no que aconteceu. “Esse Cisc não é o ponto que me faz ficar triste e sim o eu aconteceu. Eu me pego pensando onde foi que erramos? E não acho resposta. É buscando justiça que eu estou aqui hoje e todos nós atingidos naquele dia iremos falar”, emocionado, contou Caiubi.
O depoimento durou em média duas horas. O estudante da UFMT estava acompanhado de um advogado representante da Ordem dos Advogados do Brasil seccional de Mato Grosso (OAB-MT) e foi ouvido pela escrivã Santilha Nobre da PJC.
Outros 15 ou 20 estudantes também irão prestar esclarecimentos sobre a forma de atuação da Polícia Militar. No dia da manifestação, vários universitários foram atingidos por balas de borrachas e projéteis de arma de fogo.
Bruna, uma das vítimas das balas de borracha está com a mão quebrada até hoje. Caiubi disse que certos fatos como esse de Bruna é o que faz com que justiça seja buscada. “Eles atiraram primeiro e depois perguntaram por que estávamos ali. A Bruna foi atingida e até hoje está com uma tala na mão. Ela vai ter que passar por sessões de fisioterapia para recuperar os movimentos de dois dedos. Por conta disso é que estamos em busca”, confirmou.
Questionado se ele perdoaria a atitude dos PMs, Caiubi se calou e preferiu não comentar mais nada sobre o fato. Apenas finalizou dizendo. “Isso é indignante”.