A precariedade da segurança, agravada neste ano com o triste recorde de homicídios, provocou um intenso debate sobre melhoria no sistema, na noite desta quarta-feira (08/05), na Câmara de Várzea Grande. A convite da Mesa Diretora, o tenente-coronel Wilquerson Felizardo Sandes, comandante em chefe do Comando Regional II da Polícia Militar, compareceu à sessão ordinária do Poder Legislativo e passou mais de duas horas discutindo alternativas para reduzir a criminalidade, na Cidade Industrial.
“Trata-se de uma iniciativa para tirar unificar a linguagem e buscar formas de melhorar a segurança para a sociedade”, argumenta o presidente da Câmara, vereador Doutor Waldir Bento da Costa (PMDB).
Como forma de agilizar o atendimento, o Comando Regional II foi divido por Wilquerson Sandes em três batalhões: 4º BPM, 25º Batalhão – Cristo Rei – e, ainda em implantação, o 26º BPM – onde hoje funciona a Base Comunitária de Segurança São Matheus e Região. “Onde existem maiores desigualdades sociais, há maior o risco de acontecer o crime contra a vida”, pondera ele.
A Organização das Nações Unidas (ONU) considera tolerável no máximo oito homicídios para cada 100 mil habitantes. Em Várzea Grande, ocorrem 57 homicídios para cada 100 mil pessoas, segundo coronel Wilquerson, índice quase 700% acima ao máximo considerado aceitável pelas Nações Unidas.
Wilquerson Sandes pediu para os vereadores para que ajudem-no a cobrar do prefeito Walace Guimarães (PMDB) a urgência na atualização da sinalização e restauração das vias públicas de Várzea Grande. “A manutenção das ruas e avenidas, e ainda, a iluminação pública, são obrigações do município essenciais na parceria com a segurança pública”, observa ele.
Diante das críticas dos vereadores Sumaia Leite Almeida (PRB), Ivan Santos do PT (PT), Hilton Gusmão (PV) e Claído Celestino Ferrinho (PRB) ao governador Silval Barbosa (PMDB), por não investir na segurança, o Felizardo Sandes fez uma comparação inusitada. “A Polícia Militar é como o goleiro, no futebol. Depois que o ataque, o meido-de-campo e a defesa falharam, cabe ao goleiro tentar salvar o time. Mas, às vezes, não defende algumas bolas e fica com a fama de ‘frangueiro’, perante a população”, pontua Wilquerson Sandes.
“É uma vergonha as condições de tráfego de algumas das principais ruas de Várzea Grande, porque, além da buraqueira, há também muita sujeira e completa escuridão”, afirma Claído Celestino Ferrinho.
PACTO PELA VIDA
Os vereadores concordaram em ampliar a discussão sobre o Projeto Pacto pela Vida, executado preliminarmente com relativo êxito, na região do Zero Quilômetro – a mais violenta de Várzea Grande, para as demais regiões da cidade. O projeto prevê o fechamento das lanchonetes, bares e similares até às 22 horas. Houve redução de quase 60% no índice de homicídios e tentativas contra a vida, em três meses.
O Pacto Pela Vida envolve as Polícias Civil e Militar, Guarda Municipal, Corpo de Bombeiros Militar, Vigilância Sanitária de Várzea Grande e Secretaria Municipal da Receita. Quem não cumpre a medida, recebe multa da Vigilância Sanitária e da Secretaria de Receita, correndo o risco de ter o estabelecimento fechado.
“Devemos expandir o projeto para todos os bairros, porque a vida vale mais do que a suposta receita dos bares e lanchonetes”, sugere Fábio Saad.
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