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Domingo, 21 de julho de 2024

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Discurso da Seleção revela dificuldade de admitir mau momento

O Brasil foi eliminado nas quartas de final das últimas duas Copas do Mundo. Não vence uma seleção forte...

O Brasil foi eliminado nas quartas de final das últimas duas Copas do Mundo. Não vence uma seleção forte, de ponta, desde o triunfo sobre a Inglaterra, em 2009. Não tem um jogador entre os três melhores do mundo há seis anos, quando Kaká venceu o prêmio da Fifa. E no ranking da entidade, divulgado na quinta-feira, caiu da 19ª para a 22ª posição, a pior da história.


E, mesmo diante de todos esses fatos, não é raro ouvir, principalmente na seleção brasileira, que o país joga o melhor futebol e tem a melhor equipe do planeta. O discurso de jogadores e até mesmo de integrantes da comissão técnica mostra uma Seleção em outra realidade. Há uma clara dificuldade de admitir que o Brasil passa por momento inferior. Basta observar a declaração do lateral-esquerdo Marcelo, questionado sobre um possível duelo contra a Espanha, que ele conhece bem, já que atua no Real Madrid.

- É difícil falar se é o nível muito diferente. Temos de jogar para vermos.

Os espanhóis conquistaram a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, e as últimas duas Eurocopas, em 2008 e 2012. São os atuais líderes do ranking e, desde 2008, enquanto o Brasil não teve nem um atleta sequer entre os finalistas da Bola de Ouro, sempre há pelo menos um jogador do país na lista final: Fernando Torres, Xavi e Iniesta foram lembrados. A esperança brasileira é que Neymar, agora no Barcelona, passe a figurar com frequência entre os finalistas.

O zagueiro Dante também compara o Brasil com o que tem de melhor. No caso, seu clube, o Bayern de Munique, atual campeão europeu, alemão e da Copa local. Ele acha que ambos se equiparam em qualidade. A única diferença é o entrosamento.

Nos últimos dez jogos contra equipes de ponta - as campeãs mundiais, além de Holanda e Portugal -, o Brasil não venceu: foram quatro empates e seis derrotas. Um retrospecto solenemente ignorado por David Luiz, que, na semana passada, disse ter certeza do triunfo sobre a Inglaterra, no Maracanã. Após o 2 a 2, considerado “falta de sorte” pela maioria, o zagueiro voltou a fazer previsão otimista para o jogo do próximo domingo, diante da França.

- Tenho certeza de que vamos ganhar no momento correto. Temos essa oportunidade já contra a França e tenho certeza de que isso vai acontecer.
Kaká melhor jogador do mundo em 2007 (Foto: Getty Images)Último brasileiro a ganhar prêmio de melhor jogador
do mundo foi Kaká em 2007 (Foto: Getty Images)

Na Copa das Confederações, o Brasil certamente enfrentará a Itália, no dia 22, em Salvador, e também poderá ter pela frente o Uruguai e a Espanha. Adversários que, mesmo atuando em território verde-amarelo, poderiam ser considerados favoritos em razão do retrospecto recente. Mas Paulinho não acha que é preciso se preocupar com eles.

- A Seleção está no mesmo nível e também tem condições. Temos de nos preocupar apenas com a seleção brasileira.

O novato Fernando é outro que tratou a equipe, em sua entrevista coletiva, com ares de antigamente. Apesar de alguns jogadores contestados, outros improvisados - como Jean na lateral direita, posição em que já atuou por um bom tempo no São Paulo, mas não faz mais desde que se transferiu para o Fluminense há mais de um ano -, e da falta de astros na Europa, sobretudo no ataque, o volante disse que o Brasil é capaz de fazer pelo menos quatro seleções de alto nível.

Na comissão técnica, o preparador físico Paulo Paixão seguiu a onda do “melhor do mundo”. Em sua apresentação, ainda no Rio de Janeiro, ele disse que o desafio é entregar os jogadores em boas condições a Felipão. E depois...

- Com a equipe organizada taticamente, ela vai correr certo, e aí é Brasil. Aí não tem jeito. A seleção brasileira ainda joga o melhor futebol do mundo. Está passando por uma fase de recomposição, mas não podemos desprezar a qualidade do nosso jogador.

Um discurso menos empolgado, e mais realista, foi o de Daniel Alves. Apesar de insistir por seis vezes na expressão “grupo qualificado”, ele pediu que não comparassem mais a atual Seleção às anteriores, vencedoras. Não reconheceu, com todas as letras, que o momento é outro. Mas foi quem chegou mais perto.

- Não vamos ter outro Ronaldo, outro Rivaldo, outro Romário. As seleções passadas foram as melhores, fizeram história, nossos ídolos fizeram parte delas, e é assim que temos de olhar, não para comparar.

Em entrevistas recentes ao GLOBOESPORTE.COM, dois técnicos fizeram duras críticas ao futebol brasileiro. Segundo Paulo Autuori, ele está parado, estagnado. E até Mano Menezes, que comandou a seleção brasileira de agosto de 2010 até o fim de 2012, quando foi demitido pela CBF, apontou a falta de padrão e citou a Alemanha como exemplo de renovação no futebol.

- Não temos padrão. Não sabemos como o futebol brasileiro joga. Se você olhar na Alemanha, há isso. Invariavelmente, todas as equipes da Bundesliga jogam muito parecidas. Isso é padrão - afirmou Mano.
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