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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Pesquisa utiliza peixes amazônicos para produção de gelatina protéica

Pesquisadores do Amazonas criaram uma gelatina a partir de peixes amazônicos. A ideia surgiu para aproveitar os recursos nutricionais de pescado regional e minimizar os impactos ambientais causados pelo desperdício. Segundo os cientistas, o novo produto pode ser utilizado nas indústrias alimentícia, têxtil e farmacêutica.


A doutora em Biotecnologia do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), Francisca Souza, tem se dedicado ao estudo desde 2010. Em entrevista ao G1, ela explicou que a aplicabilidade do produto vai além da indústria alimentícia.

"Essa gelatina tem alto valor nutricional, e, por isso, pode ser usada como um suplemento ou energético protéico. Porém, as indústrias farmacêutica e têxtil também devem ser beneficiadas pelo produto", afirmou.

De acordo com a pesquisadora, a gelatina pode ajudar na elaboração de cápsulas de medicamentos, por exemplo. Em relação ao consumo alimentício, o produto - mesmo puro - tem a vantagem de ser rico em aminoácidos e proteínas. "A composição é simples, de gelatina e colágeno de pescado", resumiu.

Atualmente, a gelatina é produzida a partir da pele do peixe, mas outras partes do animal, como os ossos e a cabeça, já passaram por testes. A pesquisa trabalha exclusivamente com peixes amazônicos. "Até o momento, já fizemos gelatinas de cinco espécies: tambaqui, aruanã, jaraqui, pirapitinga e aracu. Todos apresentaram bom rendimento. Cinquenta gramas de peixe, por exemplo, chegam a render três vezes mais em gelatina. Só que o teor protéico diferencia bastante. A pele do aracu, por exemplo, tem menos proteína que as do jaraqui e tambaqui", apontou.

A produção de gelatina a partir de outras espécies não está descartada pela professora; a de outros animais amazônicos, também não. "Queremos testar com peixes menos consumidos aqui, como o mapará e o tucunaré. O importante é que evitemos o desperdício. Por conta disso, o peixe tem mais vantagem, já que há uma grande quantidade de resíduos, que é com o que trabalhamos", frisou. "No futuro, pretendemos ampliar para outros animais, mas ainda temos uma variedade tão grande de pescado para estudar", acrescentou.

A equipe, liderada por Souza e mais um pesquisador, é composta de um grupo de sete acadêmicos. A professora destacou que os recursos do trabalho são da Fundação de Amparo à Pesquisa no Amazonas (Fapeam). Já a estrutura física para a produção da gelatina está toda no Inpa. "A produção demora de dois a três dias. Você pode optar pela gelatina liofilizada (desidratada) ou pela líquido-pastosa. No primeiro caso, o teor nutritivo é ainda maior, porque é retirado o excesso de água e a gelatina fica mais concentrada", concluiu.
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