Velas prostradas a altura do peito enquanto caminhavam fechando uma das principais avenidas de Cuiabá, vestindo branco, e entoando um pedido singelo e profundo, "dê uma chance a vida". Aquelas aproximadamente 100 pessoas estavam em uma passeata pela pela valorização da vida, por um apelo contra o um mal que começa a atingir níveis assustadores na sociedade: O Suicídio.
leia mais: CVV em Cuiabá faz campanha pela valorização da vida: basta ouvir!
Dois dias atrás tivemos o caso da morte do ex-baixista da banda Charlie Brown Jr que tirou a própria vida três meses após um parceiro de outro projeto musical também ter cometido suicídio (Peu Gomes) e seis meses depois do ex-vocalista Chorão, amigo de longa data, morrer de overdose. Semanas atrás uma servidora pública se jogou em um precipício em Chapada dos Guimarães, há poucos dias um pai tentou matar o filho e depois cometeu suicídio.
Esses são apenas alguns casos entre tantos que acontecem quase todos os dias. São para atentar as pessoas das formas de evitar fatos tristes como esses que aquele grupo, de branco, com velas e acompanhados de músicas que enaltecem beleza de se estar vivo, caminhou pela Avenida Getúlio Vargas e Isaac Póvoas na noite de terça-feira (10).
"É uma forma de chamar a atenção da sociedade para refletir sobre esse tema tão delicado. Um tabu. É difícil falar disso, porque não podemos fazer apologia, mas não podemos deixar continuar acontecendo assim", disse Ana Rosa, uma das voluntárias do Centro de Valorização a Vida (CVV) e organizadora da passeata.
Segundo ela, a melhor forma de evitar uma tragédia como essa é conversar. A pessoa que está propensa a cometer o suicídio precisa conversar, desabafar, jogar para fora todos os sentimentos ruins, dúvidas e angústias. Assim a pessoa vai poder aliviar a dor e ganhar forças para seguir em frente.
"Enquanto ele guarda para si tudo vai acumulando. Aí quando ele se mata falam que foi porque ele perdeu o emprego. Oras, quantas pessoas perdem o emprego e não se matam? É que todo dia acontece algo e ele vinha guardando aquilo dentro de si. Então um dia acontecerá a gota d'água que vai fazer transbordar o copo", explicou.
O mito do aviso
"Quem vai se matar não avisa. Vai lá e se mata". É comum ouvir isso quando se está em um grupo de pessoas que conversam sobre alguém dizendo ter vontade de tirar a própria vida. Contudo, esse é um mito perigoso que precisa ser desfeito a fim de salvar vidas.
"Quem se mata avisa. O próprio suicídio é o último aviso. Ele pede ajuda, mas muitas vezes a família e os amigos não levam a sério", disse o médico cirurgião Manuel Rômulo, um dos integrantes da passeata. Segundo ele, quem fala em suicídio e não recebe o devido apoio, vai se matar e por isso a importância de conversar, de ouvir quem tem problemas e tentar compreende-lo dentro da sua ótica.
O mesmo é dito pela médica geriatra Amanda Rizental, que ainda incrementa: "Quando alguém sente que não tem mais o que fazer. Que já criou os filhos, já concluiu sua missão aqui, aí é muito fácil para ela se matar. Por isso todos precisam ajudar", disse.
Ela ainda alerta para o fato de que a taxa de suicídios realizados com sucesso é maior entre os idosos. O motivo? "Eles tem mais tempo para planejar. Para se preparar para fazer quando ninguém está em casa. E muitas vezes são esquecidos, deixados de lado".
Serviço
Precisa conversar? Ligue para o CVV. O atendimento é 24h pelo telefone 141 (Cuiabá e Várzea Grande) e (65) 3321-4111 (interior de Mato Grosso).
Como o CVV vive de seus voluntários, que não só atendem o público, mas também mantêm a instituição, qualquer doação é bem-vinda.
Para fazer uma doação, é só depositar ou transferir a quantia desejada para conta do Banco do Brasil da Fraternidade de Apoio à Vida.
Agência: 0046-9
Conta corrente: 28437-8
