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Sábado, 20 de julho de 2024

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Lembra Dele? Giovanni, o 'Messias' santista, reclama de injustiça em 98

O ano era 1994, e, entre as contratações do Santos para a temporada, estava um desconhecido jovem paraense. O time da Vila Belmiro se encontrava afundado em dívidas e vivenciava um dos piores momentos de sua história.

Foto: Pedro Cruz / Globoesporte.com

Lembra Dele? Giovanni, o 'Messias' santista, reclama de injustiça em 98
O ano era 1994, e, entre as contratações do Santos para a temporada, estava um desconhecido jovem paraense. O time da Vila Belmiro se encontrava afundado em dívidas e vivenciava um dos piores momentos de sua história. Assim Giovanni Oliveira foi apresentado. Mas o que ninguém imaginava era que aquele atleta tímido se tornaria o “Messias Santista” – como a torcida o apelidou –, chegaria até o Barcelona, onde tornou-se bicampeão espanhol, e, ainda, seria vice-campeão com o Brasil na Copa do Mundo de 1998, na França. Sobre o Mundial, o ex-jogador reclama de Zagallo, pois acha que foi injustiçado pela barração e por depois não ter tido mais oportunidades na equipe titular.


Agora o "Messias" vive no anonimato, mas por opção. Desde que encerrou a carreira, em 2010, reside em Belém com a esposa e os dois filhos, administra suas finanças, uma das maiores escolas da capital paraense e também uma clínica moderna de fisioterapia que construiu para ajudar no tratamento do filho mais velho, Juliano, de oito anos, que é especial e ainda tem dificuldade para se locomover. Além disso, participa de algumas ações beneficentes com os amigos que fez enquanto atuou profissionalmente.

– Pela manhã eu malho e levo as crianças na escola. Graças a Deus tenho uma vida confortável conquistada a partir de minha ida para o Barcelona, onde fiz uma caixinha. No Santos eu ganhava o suficiente, no Barça eu comecei a juntar dinheiro, mas no Olympiakos consegui fazer uma “caixona”. Minha escola e minha clínica vão bem e foram criadas por conta de necessidade familiar. Minha esposa é professora, meu filho é especial e não anda. Estamos em tratamento com ele há muitos anos, e foi por isso que criamos a clínica.

Carreira começou na Tuna Luso
Sair do Pará e fazer sucesso não foi tarefa fácil para o paraense. O pontapé inicial no profissional aconteceu em 1992, na Tuna Luso Brasileira. Depois disso, o primeiro avanço: Giovanni se transferiu para o Remo e disputou a Série A do Campeonato Brasileiro, mas sem tanto brilho. O jogador, então, acabou emprestado ao Paysandu e retornou para a Tuna, que o negociou com o São Carlense, do interior paulista.

– Meu contrato com a Tuna tinha terminado. Tive um problema com o presidente (da Tuna) e ele me disse que tinha um clube de São Paulo para eu jogar emprestado, mas que só faria isso se eu renovasse. Topei. Fui para o São Carlense e fiquei dois meses lá, mas a campanha não foi muito boa na Série A2. Até que meu último jogo foi transmitido pela TV. Foi quando o presidente do Santos me viu jogando, e essa partida selou a minha contratação.

A torcida do Santos talvez não tenha conhecimento é de que Giovanni, por muito pouco, não vestiu a camisa do Palmeiras em jogos oficiais. Tudo porque um dirigente do Verdão também assistia ao jogo e indicou o jogador, que chegou a se apresentar, mas a permanência por lá durou tão pouco que nem mesmo ele sabe precisar os dias de experiência.

– Antes (de ir para o Santos) eu fui parar no Palmeiras, mas aí não deu certo e eu não fiquei. Nem sei quanto tempo durou essa história. Somente depois disso, na realidade, eu me transferi para o Santos por empréstimo de seis meses e com o passe estipulado em R$ 300 mil. No fim do mesmo ano, o clube acabou comprando o meu passe e fiquei por lá durante dois anos, onde fui companheiro do Neto, Ranielli, Índio, Guga, Narciso e Edinho.

Giovanni lembra que a primeira partida pelo time do litoral paulista foi sob a desconfiança da torcida e do então treinador Serginho Chulapa. Foram três meses de treino e sem qualquer oportunidade na equipe principal. Até que, com a mudança no comando técnico e a lesão de alguns atletas titulares, o paraense ganhou uma chance de mostrar o seu futebol.

– Depois assumiu o Joãozinho, lembro que vários jogadores se machucaram. Foi quando teve um jogo na Vila (Belmiro) contra o Botafogo, e o Guga acho não fazia gol há nove jogos. Eu entrei, dei uma assistência para ele e nós ganhamos esse jogo. Peguei a bola, fui pela direita, driblei e dei o passe para ele. Isso me deu moral com o técnico, e toda a imprensa disse que eu fui o melhor em campo. No outro jogo, também na Vila, fui titular com a camisa 10.

“Fui injustiçado”
No Brasil, o melhor momento de Giovanni foi no Santos, durante o Brasileirão de 1995. Principal jogador do time, o “Messias” levou o Peixe até a fase final contra o Botafogo, mas o título acabou ficando com o clube carioca em uma partida contestada. No ano seguinte, Giovanni se transferiu para o Barcelona, que havia anunciado um dos maiores atacantes da história do futebol brasileiro: Ronaldo Nazário, o Fenômeno (assista acima ao vídeo sobre a transferência do "Messias" santista para o clube catalão e veja lindos gols).

No time catalão, o paraense foi bicampeão espanhol. As boas atuações lhe renderam convocações para a seleção brasileira, onde conquistou o título da Copa América de 1997 e o vice-campeonato mundial na Copa da França, em 1998. Apesar de ter iniciado como titular, Giovanni se diz injustiçado pelo então técnico canarinho, Zagallo. Logo após a primeira partida, contra a Escócia, o treinador o deixou de fora do time titular até o fim da competição.

– O Zagallo tinha algumas opções: eu, o Rivaldo e o César Sampaio. Nos amistosos, apenas eu e o Rivaldo marcamos gols, enquanto o César Sampaio não marcou em nenhum. Mas veio a Copa, o Rivaldo foi bem, o César marcou um gol e eu caí. Reconheço que não fui bem naquela partida (contra Escócia), mas não merecia sair da equipe. Fiquei sempre no banco, só o Denilson entrava. Fui injustiçado. O Zagallo até deu uma declaração falando que, se o goleiro se machucasse, o Denilson era a primeira opção.

De volta ao Barça, em 1999, o paraense se desentendeu com o holandês Van Gaal. Antes, porém, ele conta que a relação foi meio conturbada, já que o jogador oscilou entre o banco de reservas, ameaças de dispensa e a vaga de titular. Foi de Giovanni o gol que deu o título espanhol da temporada 97/98 ao Barcelona na partida contra o Zaragoza.

– O Van Gaal também foi um treinador injusto comigo. Em um ano ele me chamava de filho e no outro nem olhava na minha cara, falava que eu estava treinando mal. Dei o título ao Barcelona com duas rodadas de antecedência quando fiz um gol de cabeça contra o Zaragoza, mas nada disso ele levava em consideração. Até que fui na imprensa, falei besteira, e foi mais um motivo para ele não gostar de mim e me deixar sair do time em definitivo, ou melhor, em disponibilidade para o mercado – disse.

Ganso: "assunto encerrado"

A ida de Paulo Henrique Ganso para o Santos só foi possível graças ao empenho de Giovanni Oliveira, que foi o responsável pela transferência do meia, do Paysandu para o Peixe, em 2005. Porém, o ex-jogador entrou em rota de colisão com Ganso quando o assunto se tornou a sua participação nos direitos econômicos do atleta. Giovanni, à época, afirmou ser detentor de 7,5% por um acordo realizado entre as partes ainda quando o meia não era profissional.

Porém, o "Messias" foi informado que esse percentual incidiria apenas sob os 10% pertencentes a Ganso, o que gerou a confusão. Sobre esse assunto, Giovanni preferiu não comentar. Minimizou e resumiu dizendo que tem uma relação de amizade com o são-paulino. O ex-jogador não poupou elogios ao futebol do conterrâneo e do atacante Neymar, que atualmente defende o Barcelona.

– Não falo mais sobre esse assunto. Já rendeu muito problema e dei por encerrado. O que posso falar é sobre o futebol do Ganso e até do Neymar. O Robinho jogou muita bola, mas acho que o Neymar está acima, até pela pouca idade. Mesmo assim, ponho os dois no mesmo patamar. Se o Ganso jogar o que jogou em 2010, no Santos, com certeza terá espaço na seleção brasileira, mas neste momento está meio complicado. A concorrência com Oscar e Hernanes é complicada. Jogador como ele não temos no Brasil, ele (Ganso) é muito inteligente. Ele e Neymar formam a melhor dupla – explicou.
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