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Quarta-feira, 15 de maio de 2024

Notícias | Cidades

‘Ação Integrada’ e ‘Me Encontrei’ são reconhecidos como exemplo pela Organização Internacional do Trabalho

A doméstica, Diana Conceição Nascimento, 34, tirou a manhã de folga nesta quarta-feira (09/10). Ela quis acompanhar a filha, Stefane, 15, durante a visita do diretor geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT) de Genebra (Suíça), Guy Ryder, ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-Cuiabá). O gestor aproveitou a vinda ao Brasil, durante a III Conferência Global sobre o Trabalho Infantil, em Brasília, para conhecer dois projetos que nasceram em Cuiabá e que estão servindo de exemplo para outros estados: ‘Ação Integrada’ e ‘Me Encontrei’. Stefane, que vivia em situação de exploração e não tinha perspectivas de futuro, agora, sorri ao falar da futura profissão. Ela é uma entre 237 jovens em situação de risco ou resgatados do trabalho escravo, que ganharam a oportunidade de adentrar ao mercado de trabalho como aprendizes desde 2011. Durante o encontro, cerca de 30 deles falaram sobre o caminho da superação e da oportunidade que receberam de mudar o curso da própria vida.


A proposta, que atua na inclusão de jovens com idade entre 14 e 17 anos no mercado de trabalho, consolida-se na valorização do ensino básico e qualificação profissional, que são atividades desenvolvidas pelo Sistema Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Sistema Fiemt), por meio do Serviço Social da Indústria (Sesi-MT) e Senai-MT. O programa de Aprendizagem Industrial desenvolvido pelo Senai-MT, sustenta-se em três pilares essenciais: a indústria, que contrata a mão de obra, a instituição formadora do aluno e o Jovem Aprendiz, programa que permite a inserção deste estudante no mercado de trabalho, fornecendo condições dignas de sobrevivência.

Já o Sesi-MT atua no reforço de competências nas áreas de exatas e linguagens, que auxiliam os alunos nas deficiências oriundas do ensino regular. Para que essas ações tenham êxito, muitos desafios precisam ser vencidos dia após dia. Para Ryder, conhecer a realidade destes jovens e os empecilhos que eles precisam vencer é de fundamental importância para a OIT. “É com base nessas experiências que vamos conseguir levar o programa para outros lugares. Essa é uma ação conjunta, precisamos de muitas mãos apoiadoras”.

O diretor geral da OIT, disse ter ficado impressionado com o caráter dos estudantes e a vontade de cada um deles em crescer e se tornar um cidadão de bem. “Cada uma destas pessoas tem um potencial enorme, e o programa está conseguindo enxergar isso. Imagine quantos outros jovens estão esperando por oportunidade. Esse é um impacto real e depende de cada parceiro”. Segundo ele, atualmente, existem 168 milhões de crianças trabalhando em todo o mundo, apesar dos esforços para a erradicação do trabalho infantil. A meta internacional é erradicar esse tipo de exploração até 2016. Para o representante da OIT em Mato Grosso, Antônio Carlos de Melo, a visita do dirigente é o reconhecimento das iniciativas de combate ao trabalho infantil e escravo realizadas no Estado e uma maneira de reforçar as ações.

O estudante Jonathan Irio, 16, estuda no Senai-MT e já foi contratado como auxiliar administrativo industrial em uma empresa de Cuiabá. Ele participava das ações do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) desde 2005, quando ficou sabendo do Me Encontrei. “Eu queria ajudar minha mãe nas despesas e também mostrar para minha família que eu era capaz”. O sonho do jovem é se tornar gerente de alguma empresa na cidade. “Quero dar orgulho para os meus pais”.

O estudante Fábio Ricardo Mendes, 17, também fez parte do ‘Me Encontrei’ e foi contratado logo após passar pelo programa de Aprendizagem do Senai-MT. Há cerca de um ano atrás, o jovem que ainda estava na sétima série, trabalhava em uma panificadora das 5h30 às 11h, estudava no período da tarde e depois recomeçava no trabalho das 18h às 21h. “Eu estava sempre cansado, não tinha tempo de estudar e minhas notas estavam muito baixas”. Por meio de um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) ele foi encaminhado ao projeto e começou a fazer o curso de Auxiliar Administrativo. No período da noite, o jovem conclui os estudos por meio do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Sesi-MT, dentro da empresa.

“No Senai eu aprendi como me comportar melhor, respeitar as pessoas, saber lidar com os outros, foi muito bom. Na empresa eles também foram bem pacientes comigo. Descobri também que tenho habilidades para liderança e eu quero trabalhar nisso”. O objetivo do jovem é se tornar um engenheiro. A assistente de pessoal da empresa contratante de Fábio, Hestefany Figueiredo, conta atualmente com 53 aprendizes. “Aqueles que se destacam sempre conseguem uma oportunidade para serem contratados”. Ela explica que os estudantes são ensinados a terem responsabilidade, compromisso e cuidado com eles mesmos. Em contrapartida, eles recebem todo o apoio para que possam crescer profissionalmente. “Até os problemas pessoais a gente acaba ajudando. Acho importante que as empresas busquem por essa valorização do ser humano e que permitam essas oportunidades. É muito bom fazer parte desse projeto”.
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