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Domingo, 25 de agosto de 2024

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'Jamais bateria em uma mulher', diz à polícia suspeito de agredir no trânsito

O empresário suspeito de, ao lado da esposa, agredir a publicitária Jessica Otte, de 24 anos, após uma discussão de trânsito na região dos Jardins, em São Paulo, neste sábado (23), negou as acusações e afirmou em depoimento à Polícia Civil que “jamais bateria em uma mulher”.

O suspeito, que não teve a identidade revelada pela polícia, disse que trafegava pela Rua Groenlândia e tentava ultrapassar o carro da publicitária havia pelo menos dois quarteirões, mas ela não lhe dava passagem. Ele conta que começou a dar sinais com o farol alto e, em determinado momento, no semáforo do cruzamento com a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, buzinou para comunicar sua insatisfação.
Segundo o empresário, ao ouvir o som da buzina, Jessica colocou o braço pela janela e fez um sinal com a mão, como se dissesse “passa por cima”. Ele relatou então que acelerou um pouco e encostou o parachoque de sua picape Hilux na traseira do Fiesta onde estavam a jovem e sua companheira.

De acordo com o homem, Jessica se irritou com a atitude, saiu do carro e o ofendeu verbalmente diversas vezes. Após o xingamento, ela ainda teria chutado a porta traseira de sua picape.
Conforme informou o delegado assistente do 15º Distrito Policial Ubiraci de Oliveira, o acusado disse que, depois do pontapé da publicitária, ele também desceu do veículo e, no meio de uma discussão, Jessica apontou o dedo em seu rosto, sem encostar nele. O empresário não gostou, mas afirmou que deu apenas um empurrão na jovem.
A publicitária compareceu mais uma vez à delegacia do Itaim Bibi na tarde desta quinta-feira junto de sua companheira e de seu advogado. Ela reafirmou as acusações e confirmou que de fato deu um chute na porta da picape, mas só depois de ser “xingada de tudo quanto é nome” e da Hilux ter batido na traseira de seu carro duas vezes. “Eu me arrependo do chute, foi num momento de estresse, pois eu estava sendo muito insultada. De qualquer forma, não justifica o soco que ele me deu”, completou.
O advogado de Jessica, Guilherme Hildebrand, também se pronunciou a respeito do depoimento e classificou como “inadmissíveis, mentirosas e absurdas” as alegações ditas antes. A publicitária vítima da agressão apresentou representação formal contra o suspeito nesta segunda-feira (25) e realizou exame no Instituto Médico-Legal (IML) para comprovar as agressões, o que tornou possível instaurar o inquérito policial.
Veja a íntegra da nota divulgada pelo advogado de Jessica para a imprensa.
"Felizmente as autoridades identificaram os agressores e estes confessaram o envolvimento no incidente, contudo, são inadmissíveis, mentirosas e absurdas as alegações de que os hematomas foram forjados pela minha cliente, e que os meios de comunicação teriam produzido a foto. O casal efetivamente agrediu a minha cliente, e deverá reparar os danos daí decorrentes.
Ora, se o agressor, como alega, apenas empurrou a minha cliente, por qual razão fugiu do local do acidente e não aguardou a chegada da polícia para registrar a sua indignação? A resposta é evidente.
Porém, ao contrário do que acredita o advogado dos agressores, não foi apenas 'um desentendimento normal, o que acontece diariamente'. Não considero normal a agressão entre dois homens, o que dirá contra uma mulher. Ademais, se infelizmente estes incidentes acontecem diariamente, está aí uma excelente oportunidade para deixar de ser assim."
Agressão
A publicitária conta que foi agredida com socos e empurrões por um homem e uma mulher após uma discussão de trânsito. Jessica afirma que o agressor “teve um acesso de raiva” porque, segundo ele, ela estaria andando muito devagar pela faixa da esquerda.
A jovem seguia de carro com a companheira Amanda Carbone, de 28 anos, em direção ao shopping Ibirapuera, onde pretendiam fazer as compras de Natal para a família. O plano das duas, porém, foi interrompido no meio do caminho.
A história foi contada pela vítima no Facebook e a postagem ganhou destaque na rede social nos últimos dias, com mais de 16 mil compartilhamentos. O caso foi registrado no 15º Distrito Policial da cidade, no Itaim Bibi, como colisão entre automóveis e lesão corporal.
Jessica prestou depoimento 15º Distrito Policial de SP (Foto: Amanda Carbone/Arquivo Pessoal)
Vítima prestou depoimento no 15º Distrito Policial de
SP (Foto: Amanda Carbone/Arquivo Pessoal)
Jessica dirigia o carro e, logo que voltou a acelerar o veículo depois de parar em um dos semáforos da Rua Groenlândia, começou a ser incomodada por um motorista, de aparentemente 50 anos, que vinha logo atrás e queria ultrapassá-la. Ela ocupava a faixa da esquerda, das três existentes na rua.
A publicitária afirma que estava em uma velocidade compatível com os limites da via, mas que mesmo assim tentou deixar o homem, que dirigia uma picape Hilux, passar. No entanto, devido à visibilidade ruim, já que chovia muito no dia, e à presença de outros carros na pista, ela não conseguiu trocar de faixa.
De acordo com a vítima, o motorista, irritado por não conseguir a ultrapassagem, começou a sinalizar com farol alto. Assim que os carros pararam novamente, no semáforo entre a Rua Groenlândia e a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, o homem colou o para-choque da picape na traseira do carro de Jessica e começou a buzinar, mesmo com o sinal ainda no vermelho.
Jessica conta que, ao som das muitas buzinadas, colocou o braço para fora e apontou para o semáforo vermelho. Segundo ela, como quem dizia “não tenho o que fazer”. O motorista, então, teria perdido a cabeça, engatado a ré e depois acelerado, colidindo contra o Fiesta onde estavam as duas mulheres. Ele teria feito isso ainda mais uma vez, segundo a publicitária.
Depois das batidas, Jessica desceu do veículo para tirar satisfação. Ela afirma que o homem começou, então, "a xingar tudo quanto era nome e fazer ironias, dizendo que eu estava de ‘conversinha’ com a minha esposa”. Sem diálogo, ela resolveu tirar fotos da colisão e também da placa da Hilux. Ao ver que a jovem fotografava o número de sua placa, o motorista lhe desferiu um soco no rosto e empurrões. Para Jessica, as agressões não tiveram motivos homofóbicos.

Com as agressões, a jovem se desequilibrou, mas não chegou a ir ao chão. Segundo a companheira da vítima, Amanda, após o soco, uma outra mulher, supostamente conhecida do motorista, veio correndo na direção da confusão. “Ela estacionou o carro em cima da calçada e veio na nossa direção. Achei que ela fosse acudir, mas na verdade também começou a agredir a minha esposa”, relembra.
Surpresa, Amanda pegou o celular e acionou a polícia. De acordo com ela, assim que viram que estava ao telefone com a PM, os agressores correram para seus respectivos carros e fugiram. Jessica sofreu ferimentos no rosto e no braço e, do local, foi direto para a delegacia para registrar o boletim de ocorrência.
A vítima diz que, com a repercussão do caso, espera que o homem possa ser punido. A picape está registrada no nome de um posto de gasolina. "Eu quero que ele pague pelo que fez. Quero que pague por essa agressão gratuita. Estou analisando com o meu advogado os processos que vamos mover contra ele."
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