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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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'Dieta maluca' do Padre Marcelo traz riscos à saúde, diz nutricionista

Hipoglicemia, alteração na pressão arterial, taquicardia e até problemas renais e hepáticos são os riscos que podem causar dietas muito restritivas, como a que o padre Marcelo Rossi revelou ter adotado em entrevista ao Fantástico de domingo (8), de acordo com a nutricionista Simone Martens, ouvida pelo G1.


Segundo o padre, a "dieta maluca" que ele adotou por seis meses consistia em comer alface, cebola e dois hambúrgueres pela manhã, além de um hambúrguer depois das 18h. Hoje, recuperado e se alimentando como deveria, ele carrega ferimentos de um acidente que sofreu na esteira ergométrica – durante o período de dieta, ainda manteve atividades físicas diárias.
Um dos maiores erros cometidos pelo padre Marcelo, segundo a especialista, foi a retirada de carboidratos de sua alimentação. "O nutriente principal para nos dar energia é o carboidrato. Uma vez que a pessoa não está se alimentando disso, começa a ter queda de glicose no sangue, pode apresentar alteração de pressão e, com o tempo, taquicardia", explica.
De acordo com Simone, os cerca de 40 quilos que o padre Marcelo revelou ter perdido foram principalmente em decorrência da eliminação de massa magra. "Com essas dietas muito restritivas, a pessoa começa a ter muita perda de massa muscular. Então, aquele peso rápido que ela perde está relacionado mais com massa magra do que com gordura", revela. A nutricionista comenta que a perda desse tipo de massa também costuma causar fraqueza, mal estar e enfraquecimento do sistema imunológico.
Além da falta de carboidratos, o consumo de apenas um tipo de proteína, a da carne vermelha do hambúrguer, pode agravar os riscos à saúde. "Ele estava comendo praticamente proteínas em quantidade insuficiente. E só de um tipo, que é a da carne. Faltavam outros tipos, como derivados de leite, e principalmente os carboidratos", reforça Simone.
Segundo a nutricionista, o consumo diário de carne vermelha não é recomendado, porque esse é um tipo de carne com alto teor de gordura saturada. "O processo de digestão também é mais lento que o da carne branca. Por isso, é bom intercalar esse consumo com frango e, principalmente, com peixe, que tem teor de gorduras boas – mono e poliinsaturadas –, que ajudam a regular o colesterol. Assim, nosso organismo consegue trabalhar mais facilmente com relação à regulação das taxas de gorduras no sangue", comenta.
Os primeiros órgãos a sofrerem com uma dieta com excesso de proteína e falta de carboidrato são os rins e o fígado, aponta Simone. Caso a pessoa já tenha algum problema nesses órgãos ou predisposição a doenças neles, o quadro pode se agravar. "Se o indivíduo já tem propensão a problema renal ou hepático, pode realmente desenvolver alguma doença, porque os órgãos ficam sobrecarregados no processo de filtrar a proteína, que é um nutriente pesado", diz a especialista.
Intervalos longos
Outro ponto negativo das dietas "malucas" como a do padre Marcelo é o grande intervalo entre as refeições. Recomenda-se comer a cada três horas, ou próximo disso, para que o organismo mantenha estável o nível de glicose no sangue e regule a pressão arterial mais facilmente.
"Fazer duas refeições no dia desacelera muito o metabolismo, que vai acabar diminuindo o gasto calórico para poupar energia, uma vez que precisa manter a pessoa em pé realizando atividades."
A prática de exercícios teria agravado ainda mais o estado do padre Marcelo, na opinião de Simone. "Isso piora ainda mais o quadro, porque a pessoa está tendo um gasto energético aumentado, mas não tem ingestão dessa energia para gastar. Isso se torna extenuante ao organismo e leva de forma mais rápida a um quadro de fadiga muscular, porque a pessoa está exigindo do organismo o que ele não tem para dar", afirma Simone. Ela explica que o esforço feito para gastar uma energia que o corpo não tem pode levar a desmaios e vertigens durante o exercício físico.
"Não sei como ele aguentou fazer isso (por seis meses). Geralmente, depois de duas a três semanas, a pessoa já começa a se sentir debilitada, porque a perda de massa magra é maior que a perda de gordura, o que leva a prostração, fraqueza e redução do nível de glicose sanguínea. E se o indivíduo leva meses nisso, com o tempo pode afetar os hormônios", destaca a nutricionista.
Antes de optar por uma dieta muito restritiva, a recomendação de Simone é que a pessoa procure um profissional especializado. "É importante buscar sempre a orientação de um nutricionista para fazer um trabalho de reeducação alimentar ajustado à necessidade energética de cada um", diz.
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