Falta de medicamentos, goteiras, mancha de sangue no chão em um ambiente aparentemente sujo, pacientes instalados nos corredores, nos consultórios médicos e por mais que pareça difícil acreditar, também em cima de uma pia. Este era o cenário encontrado no Pronto Socorro de Várzea Grande na madrugada deste sábado (11). Denúncia encaminhada ao Olhar Direto trazem fotos e informações também sobre remédios que não estariam sendo encontrados na unidade.

Além da situação em que se encontra o PS, a denúncia também acrescenta que há meses os pacientes não são classificados por risco. Constam informações que enfermeiros não podiam medir pressão por não ter o aparelho esfigmo e outros profissionais que afirmaram que o médico deveria aferir PA ao invés dos enfermeiros da triagem.

Já sobre os remédios, a denúncia cita que o PS estaria sem dipirona, hidrocortizona, dexametasona, fenergan, tramal, dormonid, e que a sedação estaria sendo feita apenas com fentanil tanto na clínica quanto na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A denúncia também remete que 'ainda por cima, há a demissão de funcionários' e classifica o PS como uma verdadeira zona, com pacientes que entram e saem a hora que querem, sem qualquer tipo de controle.

Procurado pela reportagem, o diretor do Pronto Socorro de Várzea Grande, Renato Tetila declarou que deveria ser lavrado um Boletim de Ocorrência com a denúncia ou procurar a Polícia Federal. O diretor também disse que as fotos poderiam ser montagem. Sobre a demissão de funcionários citou apenas que foram demitidas 15 pessoas que não teriam ido trabalhar no plantão de fim de ano e que só depois teriam apresentado atestados médicos.

“Uma denúncia desse porte eu não tenho nem o que dizer, deveria registrar um B.O., encaminhar para a polícia. Temos problemas de ordem física, sim, como as goteiras, e medicamentos que faltam, mas temos os que podemos substituir, porque se não fosse assim, teríamos que fechar, nós trabalhamos com mais de cinco mil remédios. Mas essa denúncia de paciente em cima da pia, isso não procede, lá nem tem pia. Não tenho como contestar se é montagem, se é realmente o Pronto Socorro, porque eu não vi as fotos”, afirmou.

Contudo, ao oferecer encaminhar as fotos via e-mail, o diretor do Pronto Socorro voltou a reiterar que a denúncia deveria ser encaminhada à Polícia.

O secretário de Comunicação, Eduardo Ferreira apontou que existe um gargalo na saúde pública brasileira, mas que a Prefeitura de Várzea Grande não se exime de sua responsabilidade, e que é importante destacar que ações estão sendo feitas para solucionar o problema crônico da saúde no município.

“O Pronto Socorro de Várzea Grande atende toda a Baixada Cuiabana, municípios como Poconé, Rosário Oeste, Jangada encaminham seus pacientes para cá, porque Cuiabá mudou o esquema de atendimento e o prefeito Walace Guimarães (PMDB) já deixou claro que ninguém fica sem atendimento, mesmo que tenha que ser alojado no corredor. A determinação é não deixar de atender, por isso parece um cenário de guerra”, explicou.

Porém, para o secretário também há exploração do lado negativo devido a proximidade de ano eleitoral (a secretária de Saúde do município, primeira-dama Jaqueline Guimarães se filiou ao PMDB e é cotada como candidata à deputada federal).

“Nós estamos trabalhando para desafogar o Pronto Socorro, vamos inaugurar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) que irá atender mil pessoas por dia, além de ativar oito Programas de Saúde da Família (PSFs), então todas essas medidas são para minimizar o impacto no PS, ninguém aqui está dormindo no ponto, estamos trabalhando para resolver este problema crônico que é a saúde, porque o Pronto Socorro atende no limite, e os medicamentos estão sempre sendo repostos”, concluiu.