Com duas vitórias e um empate em três jogos à frente do time principal do Palmeiras, Jorginho está mais próximo de ser efetivado e, como disse depois da recusa de Muricy Ramalho em treinar a equipe, alega estar preparado para trabalhar na função que o clube quiser. Neste sábado, em um momento de aprovação até da torcida, lembrou de um drama pessoal para garantir ter forças para qualquer responsabilidade.

"Não temo mais nada na vida", falou o interino, embargando a voz ao lembrar de seu filho, Leonardo, que faleceu aos 16 anos em acidente de moto em 2008, quando ainda jogava nas categorias de base do Verdão. "O que eu poderia temer já foi. Nada mais me faz temer, né?", completou Jorginho, buscando fôlego para continuar suas declarações.

Se passou por esta dificuldade na vida, o ex-meia lida com outras. Jorginho estava assistindo a DVDs quando soube, na madrugada de 27 de junho, que seria o substituto de Wanderley Luxemburgo, demitido horas antes. Em duas semanas, passou a conviver com as entrevistas e a pressão de comandar um grande time. Por isso, o técnico que antes se avaliava inexperiente para o cargo já se vê mais maduro.

"Continuo não tendo experiência, mas trabalhando vou adquirindo. O Palmeiras é enorme e a bagagem que digo é conquistar o que os treinadores que estiveram aqui conquistaram. Estas conquistas eu não tenho, mas conheço como é dentro de campo, sei muito bem dar um treino", analisou-se, reiterando que se coloca à disposição da diretoria.

"Sou funcionário do Palmeiras e vou trabalhar no Palmeiras até o momento em que acharem que não é devido. Para isso, estou preparado. Futuramente, com certeza vou ser um grande treinador. Não tenho dúvida disso porque estou me dedicando e aprendendo muito com estes atletas e a comissão técnica. Mas, por enquanto, vou conduzindo enquanto deixarem", comentou, ciente de que comandará o time nesta quarta-feira, contra o Flamengo, e provavelmente contra o Santo André, no próximo sábado.

Como foi diante de Santos, Avaí e Náutico, a meta é aproximar o Palmeiras da liderança do Campeonato Brasileiro. A equipe já está em segundo lugar, a um ponto do Internacional, que joga neste domingo. Por isso, Jorginho agradece a atletas e companheiros da comissão técnica. E segue vivendo com a lição que aprendeu duramente no ano passado.

"Meu filho me ensinou que tenho que viver a vida. O que aparecer, vamos resolvendo. Tem ditado que diz: quando o problema tem solução, dorme porque ela vai aparecer. Quando não tem solução, dorme porque não vai ter solução", orientou. "Este problema (efetivação) não sei se tem solução. Tenho que esperar para ver se vai aparecer este bendito convite que querem que aconteça", encerrou Jorginho.