O térreo do Ministério da Agricultura foi ocupado na manhã de hoje por cerca de 600 mulheres integrantes da Via Campesina. Os elevadores do prédio ficaram parados e os funcionários só tinham acesso aos andares pela garagem. Mulheres do movimento também invadiram na manhã de hoje uma fazenda no Rio Grande do Sul. Cerca de 700 mulheres entraram na Fazenda Ana Paula, da Votorantim Celulose e Papel, em Candiota, na zona sul do Rio Grande do Sul. 

Conforme nota distribuída pela organização, a manifestação faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres da Via Campesina e denuncia o avanço da monocultura de eucaliptos na região. Ao chegar ao local, o grupo cortou plantas da espécie que a empresa está cultivando no terreno.

No ministério, as manifestantes aproveitaram o Dia Internacional da Mulher, comemorado ontem, para protestar contra o modelo agrícola adotado pelo País e para denunciar que a reforma agrária está paralisada. Segundo a porta-voz do movimento Itelvina Masioli, o grupo não pretende se encontrar com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. "Viemos apenas denunciar o modelo de sustentação do agronegócio, que tem como base as empresas multinacionais", afirmou.

Segundo ela, as manifestantes devem deixar o prédio depois do almoço. Além de Brasília, a Via Campesina faz protestos, hoje, no Espírito Santo, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Pernambuco. Pela manhã, agentes da Polícia Federal compareceram ao Ministério para avaliar a ocupação. Apesar da porta-voz do Via Campesina afirmar que a manifestação é pacífica, um dos seguranças do Ministério foi ferido na cabeça no momento em que elas entraram no prédio. Uma das portas de vidro da entrada do Ministério foi quebrada. As mulheres que participam da ocupação são sem-terra dos Estados do Centro-Oeste, de Rondônia e Minas Gerais.