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Quarta-feira, 17 de julho de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Ebola faz sua primeira vítima no continente europeu e países africanos exigem droga experimental

Um padre espanhol que se tornou a primeira pessoa contaminada a ser trazida de volta para a Europa para tratamento, morreu em um hospital de Madrid. De acordo com um porta-voz, Miguel Pajares de 75 anos, faleceu no Hospital Carlos III, onde estava internado.


Um comboio de médicos em roupas de proteção acompanhou o missionário de volta para a Espanha na semana passada depois que ele foi repatriado em um avião Airbus especialmente adaptado que saiu da Libéria, na África Ocidental.

O Ministério da Saúde espanhol disse ontem que haviam obtido dos Estados Unidos uma droga experimental chamada ZMapp e que serviria para tratar o sacerdote. O hospital não quis confirmar se o paciente já havia recebido a droga no momento da sua morte. Seu corpo será cremado amanhã para evitar novos riscos para a saúde pública, acrescentou o hospital.

Sr. Parajes tinha trabalhado para o hospital San Juan de Dios, um grupo humanitário que estava ajudando a tratar pessoas com Ebola na Libéria.

Ele havia trabalhado como missionário na África por quase cinco décadas e iria voltar definitivamente para a Espanha em setembro. Antes de ser embarcado de volta ao seu país, o padre disse: "Eu gostaria de voltar porque temos uma experiência muito ruim do que aconteceu aqui. Estamos abandonados. Queremos ir para a Espanha e ser tratado como gente".

O padre foi trazido de volta para a Espanha ao lado de uma freira, que também era suspeita de estar infectada com o vírus. No entanto seus exames deram negativo.

Quando o padre chegou em Madrid, houve alegações de que estava em um estágio avançado da doença, mostrando sinais de sangramento, porém estável. Sua morte veio ao mesmo tempo em que a Turquia foi colocada em estado alerta sobre o vírus, depois do ministério da saúde do país declarar que um passageiro da Nigéria foi levado ao hospital depois de chegar ao aeroporto de Istambul com febre alta. O ministério disse que não sabia se o passageiro do sexo feminino estava realmente infectado com Ebola, mas eles estavam tomando precauções. O avião da Turkish Airlines, que deveria viajar para Barcelona como sua próxima viagem, foi desinfetado.

Enquanto isso, foi confirmado que a Libéria está preparada para receber as doses da droga experimental para tratar a doença, que será ministrada em dois médicos doentes. A notícia veio da Organização Mundial de Saúde que declarou ser ético fazer uso de drogas experimentais em pacientes. "Nas circunstâncias atuais deste surto e desde que estejam preenchidas determinadas condições, o conselho chegou a um consenso de que é ético oferecer intervenções de eficácia não comprovadas e efeitos colaterais desconhecidos, como tratamento ou potencial prevenção". Os médicos serão os primeiros pacientes africanos a receber o medicamento. Porém não foi explicado quais os critérios que definiram os dois médicos como os primeiros africanos a receber a terapia experimental.

O governo dos EUA colocou oficiais da Libéria em contato com o fabricante da ZMapp, a Mapp Biopharmaceutical. Sediada na Califórnia, a empresa disse que o tratamento é tão novo que não foi testado de modo eficaz em humanos e que para se obter resultados modestos seriam necessários meses de testes.

O US Department of Health and Human Services confirmou que o exército americano ajudou o governo liberiano entrar em contato com a empresa farmacêutica. Após a droga deixar os Estados Unidos, ele não foi perdido de vista, para que não houvesse o risco de ser extraviado.

Nas últimas semanas, a droga experimental foi dada a dois trabalhadores humanitários americanos, Nancy Writebol e o Dr. Kent Brantly. Ambos foram diagnosticadas com a doença, enquanto trabalhavam em um hospital que tratava pacientes infectados com Ebola na Libéria. Eles receberam a droga depois de serem levados de helicóptero de volta para os EUA. O marido da Sra. Writebol foi colocado em quarentena depois de deixar a Libéria e voltar para os EUA. Ele e outros dois missionários não estão mostrando nenhum sintoma do vírus mortal, mas serão mantidos em isolamento na cidade de Charlotte, Carolina do Norte.

O fato de ministrar a nova droga em pacientes ocidentais que estiveram no continente africano tem deixado muitos africanos com raiva. "Não há nenhuma razão para testar este medicamento em pessoas brancas doentes e ignorar os negros", disse Marcel Guilavogui, um farmacêutico em Conakry, na Guiné. "Nós entendemos que é uma droga que está sendo testada pela primeira vez e pode ter efeitos colaterais negativos. Mas temos que experimentá-lo em negros também.”.

Enquanto isso, alguns estavam usando o Twitter para pedir que a droga seja disponibilizada em outros países. "Não podemos nos dar ao luxo de ser passivos, enquanto muitos morrem", disse Aisha Dabo, jornalista senegalês no Twitter.

Um trabalhador de Serra Leoa disse que o país não tinha pedido a droga, mas os outros governos disseram que queriam a droga para ajudar pacientes infectados, mesmo com riscos e efeitos colaterais desconhecidos.

"A alternativa para não testar (a droga) é a morte, uma morte certa," informa o ministro da Libéria, Lewis Brown.

Enquanto isso Guiné também disse que quer doses da droga. “Autoridades guineenses naturalmente estão interessadas em ter este medicamento ", disse Alhoussein Makanera Kake, porta-voz do comitê do governo que luta contra o Ebola.

O vídeo abaixo mostra como foi o transporte do padre do país africano até a Espanha.
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