Um bom professor, muitas vezes não pode ser definido em palavras, mas é facilmente reconhecido pela sua atuação e, especialmente, pelas transformações na vida dos alunos. Quando um aluno é especial, que precisa de atenção e dedicação igualmente especiais, a recompensa por tanta dedicação é revelada na claridade de um sorriso e na satisfação íntima de dever cumprido.
Neste 15 de outubro, quando se comemora o Dia do Professor, três professoras da rede pública de ensino são exemplo de amor e respeito à profissão que escolheram e se superam a cada dia com dedicação àqueles que escolheram guiar pelos caminhos da educação, principalmente quando se trata de alunos especiais.
Um destes alunos é Ryan César Amorim, 11 anos, portador de hidrocefalia. Graças a três mulheres ele conseguiu superar obstáculos e, aos poucos, está sendo inserido na sociedade, se tornando mais autônomo e independente.
As histórias de Airtes Maria de Oliveira, Adeáurea Leandro Daltro Costa e Luciene Aparecida de Oliveira se cruzam na educação e formação de Ryan.
Airtes Maria, professora e avó de Ryan, 54 anos, 34 de profissão, diz que sempre gostou de alfabetizar e, quando começou a trabalhar na Escola Estadual Aureolina Eustácia Ribeiro, no bairro Cidade Verde, fundou a Sala Especial para atender crianças portadoras de necessidades especiais. Ela jamais poderia imaginar que suas habilidades seriam aproveitadas também na educação de neto. Hoje a sala especial denomina-se, conforme as orientações do MEC, Sala de Recursos Multifuncionais e atende a crianças portadora de alguma deficiência, intelectual, visão ou mesmo síndrome de Down.
Foi nessa sala que Ryan, pelas mãos da própria avó, chegou na instituição de ensino e começou a dar os primeiros passos em sua socialização com o mundo. Foi nessa sala que chegou também a professora de educação infantil e ensino fundamental, Adeáurea Leandro, 50 anos, 18 de profissão, segundo ela uma vocação para a vida.
A primeira escolha de Adeáurea foi a enfermagem, mas ela não se adaptou e, ao começar a trabalhar na Creche Espaço Livre, voltada para crianças, filhos de servidores da Prefeitura descobriu, com a ajuda da diretora, a sua verdadeira vocação. Adeáurea voltou aos bancos escolares para se formar em Magistério e reiniciou sua vida profissional. Foi trabalhar na EE Aureolina Eustácia Ribeiro como interina, responsável pela Sala Multifuncional.
Adeáurea diz, com toda simplicidade que lhe cabe, que ama a profissão e faz tudo com amor. Depois do Magistério, por uma exigência da lei, em 2005 ela iniciou o curso de Pedagogia e, depois de formada, fez especialização. A professora reconhece, porém que não sabe tudo e por isso a necessidade de estar sempre se aperfeiçoando, buscando novos conhecimentos para se colocar em sala de aula. No ano passado Adeáurea teve de deixar a Sala Multifuncional após a aprovação em um concurso da Prefeitura de Cuiabá.
Luciene Aparecida, 34 anos, 6 anos como professora, é a atual responsável pela Sala Multifuncional e também se confessa uma apaixonada pela profissão. É ela quem conta, orgulhosa, sobre o desempenho de Ryan dentro e fora de sala de aula. Segundo Luciene, o garoto está em fase bem adiantada de letramento e já consegue ler palavras isoladas. Gosta de ouvir histórias e depois fazer desenhos dos personagens.
Segundo a professora-avó, Ryan César tinha bastante dificuldade no início, mas agora já consegue desenvolver diversas atividades, entre elas a mais festejada de todas: ir para a escola e voltar para casa sozinho.
A data - O dia 15 de outubro é referência ao Dia do Professor porque, em 1827, Pedro I, Imperador do Brasil, baixou um Decreto Imperial que criou o Ensino Elementar no Brasil. Pelo decreto, todas as cidades, vilas e lugarejos deveriam ter escolas “de primeiras letras". Em 1947, 120 anos após o referido decreto, ocorreu a primeira comemoração dedicada ao professor.
